NOSSAS DIFERENÇAS...
Nossas diferenças.
...Empolgada com as tradições nordestinas. Ávida por mais conhecimento, depois de tanto cavalgar no lombo do Rouxinol, aceitei o convite. Antecipar o são João. Fazenda na tromba do elefante, como chamamos o mapa de meu estado, tem a forma de um elefante e a cidade que conto esta alojada na tromba. Que aprendizado, 560kmts de estrada ora asfaltada, capeada estrada nenhuma, animais na pista, um verdadeiro desmantelo, como se diz aqui, me falta CAMARA CASCUDO, deveria ter trazido o dicionário de verbetes. Cabra desmantelado da porra, vexada esta louca viagem.Salvaguardando o land rover, que o Rouxinol conduzia como ninguém! Conhecia cada curva e cada buraco da estrada, sou capaz de apostar, pensando com meus botões, que a esta altura já começavam afetar meus neurônios, que terei muito para contar... Será que fiz bem embarcar nesta aventura, deixando o litoral para desbravar o sertão? Afinal de contas é são João, dezesseis anos no RIO GRANDE DO NORTE, a primeira vez participando do que para este meu povo é como para os cariocas a festa de momo. SÃO JOÃO no nordeste...Na bagagem meu uniforme, ginete comprado em PARIS para montar em OBSTORFF na ALEMANHA, cavalgar é meu esporte, desde menina. Após quatro horas de viagem, bota cd tira cd, forró a todo volume, ouvindo Rouxinol cantar, afinado tudo que foi tocado. Saudades... De CHOPIN SHUBERT e MOZART, Alcione e zeca pagodinho uuufffa, pedi para parar. Tenho sede preciso esvaziar a bexiga essa é a linguagem do Rouxinol, dá um mijão . Não é fraco não o moço,não me abriu a porta do carro, desceu primeiro! Uma cabeça de porco, na beira da estrada, não me atrevi a perguntar pelo toilet, Rouxinol foi desafivelando abrindo as calças, bom dia compadre, apressado para traz do recinto, eu segurava a vontade de esvaziar, quando voltou perguntei tem papel? Ele sem titubear, diz-me, pega o jornal no balcão. Vixê... Mais menino, a mocinha sem cérebro,pobre perseguida não sabe ler, porque o jornal? Não me fiz entender. Que raro esse Rouxinol. Uma hora e meia estrada á fora e chegamos na tromba do elefante. Cidade pequena, em busca da fazenda, enfim chegamos. Sertão verde açudes cheios, sertanejos alegres,a colheita foi farta e abençoada,São José atendeu as preces dos lavradores, deu milho este ano. Já na porteira da fazenda um cheiro de milho cozendo, crianças corriam para nos cumprimentar. Rouxinol sorria, apresentou-me como sua namorada, para o capaz e sua senhora. Todos felizes dando conta, que muitos haviam chegado na noite anterior e que forrozaram a noite inteira. Seguimos para casa grande entre as casas de reboco ao longo do caminho. Contava ele que a fazenda, esta na família desde a colonização e que nesta época do ano todos se reúnem na cidade, vindo dos mais longínquos recantos, do país e fora dele. Adentramos ao alpendre que rodeava todo casarão.Mais parecia uma dessas embarcações, que atravessam o rio AMAZONAS. Redes por todo canto, pessoas dormindo outras comendo, sanfona tocando...Situei-me este é o mundo do Rouxinol! Muitas apresentações, eu lia nos olhos das pessoas, que a cada são João, uma para conhecer a fazenda.Não aprendi a dormir em rede, isso lhe preveni. nos alojamos no quarto que Zequinha preparou para nós. Uma ducha fria... detesto banho frio! não tem água quente na fazenda? porque teria,respondeu Rouxinol, aqui é um caldeirão do inferno,é um calorão da porra,. Relaxamos ao som da sanfona que insistia em tocar, agora o zabumbeiro podia ouvir a animação. após duas horas nos juntamos aos que acordavam e se aprontavam para começar mais uma noitada, das boas assim dizia-me. Rouxinol aprumado pegou-me pela cintura e arriscou um xote , eu dancei como se nordestina fosse,que noite! eu não parei de dançar ,recordava-me da ESTUDANTINA DO HELÊNICO,fiz boa figura no São João.dancei com todos que me convidavam à dança. Ele havia explicado que no sertão não se recusa um cavaleiro, os corpos suados, um odor de alfazema garrão misturado à pinga de alambique e poeira do barro, que levantava do chão. se estiver na roda tem que dançar, quando eu cansasse me retirasse. Amanheceu o dia. os trabalhadores preparavam o desjejum,uma enorme mesa ,buchada de bode Arribaçãn, uma ave coitadinha que caçam, para tira gosto, eu vegetariana! cinco anos, sem comer nenhum bicho,pensei logo no sofrimento dos animaizinhos, o que sentem na hora que são mortos... comida de milho qualhada mungunzá ,carneiro torrado carne de sol, arroz de leite , sanfona triangulo e zabumba regado à canjica e paçoca. Eu toda enfatiotada como disse o Rouxinol, vestida para montar... Cavalo selado faltava tomar meu café, ai o bicho pegou,não cereais... comi uma tapioca servi-me uma caneca de leite, sob os olhares admirados do povo, porque eu estava vestida daquele jeito. Senti-me árvore de natal no mês de junho... montei no lombo do tufão, cavalo escolhido por Rouxinol para que eu montasse . embrenhei-me pela mata da fazenda. acompanhada do filho do caseiro, sentindo o perfume da natureza e ouvindo pássaros, cantos desconhecidos... cavalguei por duas horas ,até que chegou o Rouxinol. Descemos da montaria e fomos nadar no açude...sob olhares dos bem-te-vis cavalos e tantos outros animais, desconhecidos para mim .Rouxinol assanhado ensaiou um amorzinho, por mim recusado imediatamente,dentro de um açude é muito para minha cabeça! faço amor das formas mais inusitadas, no estacionamento cinema,o melhor foi no avião, o que mais divertiu, foi a do mirante em Niterói, fuscão amarelo interpelados e pelados sob a lanterna do guarda. açude poupe-me, girinos minhocas e pererecas humm, Expliquei que aquelas águas são paradas,banham animais , falei de bactérias parasitas,não conseguia demover o tesão do Rouxinol. olhava nossas roupas, como que quarando na beira do açude. Ligeirinho, alcancei uma de minhas peças e argumentando, me poupe do açude! comecei a vestir-me, para o desconsolo do Rouxinol. que se achando dono do mundo, teve a pachorra de soltar-me esta, você foi a primeira que não consegui abater no açude,como se estivesse falando com uma de suas rês ...irritei-me,começa apresentar defeito o produto avaliado. o sapato começou a apertar meu pé... ai começa as diferenças.
DETH HAAK
20/06/2005