UMA MÃE
Uma mãe que leva a mão ao rosto sem poder mais segurar a fechadura da porta e uma filha que sai. Pega algumas de suas coisas e sai. Quisera que levasse dentre os pertences alguns dos ensinamentos que escutara ao longo da vida, mas só objetos levou.
Que troca o justo pelo perverso, mesmo sem serem antônimos esses conceitos.
A cada amanhecer a mãe renova as esperanças de que seja aquele o dia da volta. A cada visita na hora das refeições, enche o coração da mãe de expectativas em vão. Até que vão ficando cada vez mais raras ao ponto da mãe saber notícias dela pelos lábios de estranhos.
E a mãe eleva a mão ao rosto e não se cansa de clamar a Deus que cuide da filha por ela, já que a menina já não lhe permite transitar em sua vida.
E a gente que está perto, que viu o rebento crescer, não sabe o que dizer a mãe. Vi a filha ainda no ventre, lembro do seu aniversário de um ano e de como era superativa. Talvez se ela conseguisse se lembrar do quanto foi desejada, de quantos sorrisos advieram com a chegada dela, ela nunca se desviaria do caminho do amor.
M.Sofia
19.12.2011