O jogo da vida
Descobri que a vida é como vídeo game. Nunca saberemos o final do jogo se não passarmos fase por fase. Quando se joga, não adianta querer se focar na fase seguinte, sem antes passar pela fase anterior. Assim é a vida, a gente sempre quer saber o final, mas não percebemos que a nós é dada uma fase por dia. Nos vídeos games até existem códigos que abrem todas as telas, mas na vida não, ou joga fase por fase ou não joga. Dei-me conta disso ontem (segunda feira), onde depois de um final de semana onde tanta coisa inesperada aconteceu, amanheci pensando nas coisas que fiz e naquilo que deixei de fazer. Teve até um momento de exteriorizar toda minha frustração, o que na verdade nada adiantou, só estragou a pintura da parede que acabará de pintar. Tudo isso porque sempre me concentro no passado e no futuro.
Quando penso em algumas coisas que fiz sinto-me como um otário. E já começo a pensar em não ser otário no futuro. Isso é uma paranóia, o passado já era, o que fiz, fiz. Não existe “ses”. Pensar em “se” eu tivesse feito ou “se” eu não tivesse feito de nada adianta. Também não adianta dizer que nunca mais fará o que fez no passado. Agora entendo exatamente as palavras do sábio Salomão. Ele diz que existem coisas que não conseguiremos controlar. Por isso seu conselho é que estejamos sempre prontos para aproveitar a vida. “Vista-se toda manhã como se fosse para uma festa” (Ec 9.8) disse ele. Continuei ouvindo o velho sábio e ele prosseguiu dizendo para eu apreciar a vida com a pessoa que amo (Ec 9.9), mas não parou por ai, “cada dia é um presente de Deus” (Ec 9.9). Aproveite o presente, esse é seu grande conselho. De que adianta ficar se lamentando pelo passado e preocupado com o futuro sendo que nenhum dos dois está em nossas mãos? Agora o presente, esse sim está sob nosso poder. Pena que na maioria das vezes desperdiçamos essa dádiva não vivendo.
Graças ao Salomão e a outras pessoas, estou começando a entender isso. A segunda feira estava triste, depressiva, tudo porque estava revirando o túmulo do passado e colocando o pé na estrada do futuro que ainda nem foi construída. Foi ai que me lembrei das conversas com meu amigo Marcelo, o vulgo Supra Sumo, que sempre me fazem perceber que sou repleto de “frescuras”. Falei também com minha amiga Tatiana Andrade que me disse que não valia a pena sofrer ou parar por causa de certas coisas que não deram certo. E é verdade, a vida continua e a nós resta viver sempre, quer tenhamos sofrido muito, quer venhamos a sofrer, nos é dado o viver e sempre no presente.
Deixando minhas “frescuras” de lado e esquecendo certas coisas que já nem vale a pena lembrar, visto uma bermuda, ligo pro meu irmão, depois ligo pro Robson e assim, de supetão, em plena segunda feira, saímos. No caminho resolvi ligar para a Tati, que estava com uma amiga (Aline) que ainda não conhecia, mas que agradeço por tê-la conhecido. Por fim, sem planejamentos fomos parar no shopping. Sentados a mesa esperando nossa porção de bolinho de aipim com carne seca e de picanha, riamos, compartilhamos de nossas frustrações, vivíamos o momento. Estou tentando praticar isso há tempo, chega de ficar me martirizando.
A vida é um jogo a ser jogado fase por fase. Cada fase tem sua dificuldade, mas devem ser vencidas antes de passar para a próxima. E assim como vídeo game, a vida fica mais divertida e menos difícil se convidamos os amigos para jogar conosco.
Já estamos no terceiro dia de 2012 e ainda não tinha escrito nada sobre o novo ano e isso porque não acredito mais nas promessas que fazemos e nas metas que estabelecemos. Só sei de uma coisa, aprendi com as pessoas que amo que o importante é aproveitar cada fase, cada dia. 2011 não foi o que eu esperava. Perdi muitas coisas, me decepcionei com muitas pessoas, mas também ganhei muita coisa e conheci gente que valeu a pena. E assim começa meu 2012, não olhando doze meses a frente, mas sim, um dia por vez e lá vou eu descobrir como será o final do jogo. Perdendo ou ganhando eu quero mesmo é jogar.