"Ainda ontem passei por lá!"...
“Ainda ontem passei por lá!”...
(Theo Padilha)
Aproveitando o delicioso calor do verão, desci até o meu clube de campo preferido. Onde conheci a minha mulher e de onde trago as minhas melhores lembranças. Havia poucas pessoas por lá. Depois de me instalar. Amarrei a rede nas árvores. E me deliciei sob aquelas sombras, ouvindo o canto dos pássaros e pensando muito na vida. Minha intenção era pescar uns lambaris. Mas preferi ficar na rede. E ali dormi bastante. Quando acordei, vendo aquela exuberante natureza, observando aquelas belas árvores. Numa brilhante elucrubação viajei num “flash back” e lembrei-me que havia lido uma história, onde um dos personagens quando saiu do seu lugar, começou a se despedir das árvores. Eu costumava brincar com minhas filhas que cada árvore era um de nós. E a gente tem a impressão de que a natureza conversa conosco. O José Mauro de Vasconcelos que o diga. No seu “Pé de laranja-lima”. Pode ser o nosso lado animal. Sei lá.
Depois acordei, e lembrei-me que há muitos anos eu e mais dois amigos, havíamos plantado uma árvore, logo ali onde eu estava. Não conheço muitas árvores, mas aquela que plantamos estava ali a minha frente. Era a única. Fiquei emocionado e comecei a me lembrar da história.
Uma empresa havia fornecido várias mudas de pau-brasil e assim que ganhei uma, procurei meu amigo, Edson e o convidei para descermos até o Caça & Pesca para plantar aquela muda. Era dia primeiro de Maio. Eu achava que esse era o verdadeiro Dia da Árvore. Estava frio e havia chovido. Era um dia propício para se plantar. O Clube estava fechado para visitas, mas o Aníbal, sempre estava lá. Recebeu-nos todo feliz. Ele tomava conta do bar e nós gostávamos de tomar uns tragos. Depois dos aperitivos. O Aníbal se propôs a escolher o lugar e fazer o buraco para que realizássemos a nossa solene proeza. Depois de muitas “cavadeiradas”, fez o buraco que tinha que ter 40 centímetros de profundidade, pois a muda era grande. Ali deixamos plantada aquela relíquia dos tempos do descobrimento do Brasil. Nem uma foto foi tirada. Até encenamos um discurso. Festejamos o fato.
E o tempo passou. Edson nos deixou há pouco tempo, vítima de uma doença do século. Logo naquela época foi a vez de Aníbal também nos deixar. E não tenho testemunhas de que fomos nós quem ali plantamos aquela majestosa árvore. Hoje, com cerca de 40 centímetros de espessura. E uns 15 metros de altura. Lá está ela, frondosa, altaneira, testemunha de nossas vidas. Derramando flores em forma de estrelas. Oxalá o homem sempre a conserve intacta.
Joaquim Távora, 23 de dezembro de 2011. All the rights by Theo Padilha©.