Falou, Ta Falado...!
Toda verdade consolidada é apenas um apanhado honesto de mentiras absolutas.
Comece por você, pessoa ao mesmo, a olhar no espelho e dele retirar quem jamais importaria: que ninguém saiba: aquilo ali é aquilo mesmo. E pronto.
E depois, que novidade haveria na autoajuda?
Toda verdade carece do lado mais cretino da mentira. É preciso contraprovar tudo aquilo que o ser humano diz. Equilíbrio, definitivamente, não é o que se mede por balança. Afinal...
...a vida cresce pra cima, a raiz cresce para baixo. Demo-nos a capacidade de andar para frente, e sempre desconfiamos de não poder ser para trás. O equilíbrio deve então ficar parado?
Mas por falar na balança: a justiça é cega; o direito é assinado em analfabeto; e a sociedade, um imenso juntado de pequenas solidões.
Já imaginou se as casas se dessem por paredes coladinhas umas às outras e entrecortadas por portas sem fechaduras?
O sentimento que eu tenho
do mundo
é uma voz nasalada
o gosto choco
e quase um dólar por dia.
a rosa
– que não era rosa coisa nenhuma –
desfez o caminho
sentou-se no caminho
empacou no caminho
e voltou pra semente.
parece que tudo vai ficar
por isso mesmo.
Por que fui escolher (admirar) a poesia?
quisera eu,
fosse ela: quem me escolhe!
como seria romântico essa tal de apresentação:
– brasileiro, (admirador de) um poeta,
filho da poesia!
mas não,
apenas sou o que me tornei – um catador de realidade
– e basta deixá-la presa no tempo,
até desbotar do papel.
Queria eu: meu destino me encontraria antes.
mesmo a cantar cafonices, do tipo que madruga demais,
e desperta o sol,
porém, agora, dá boa noite a ele!
Poesia não tem sonho
mas se a minha tivesse,
atenderia por poesia,
e assinaria Drummond.
Não conhecer Nova Iorque deve ser uma grande frustração ao homem moderno. Ou seja: um desperdício a barreira (quase natural) de quem vai do sul para o norte chamar-se Disneylândia.
Considerássemos tratarmo-nos por seres humanos, em vez de homem ao todo, e quem sabe Nova Iorque nem estivesse no mapa.
Ninguém de boa literatura escreve aquilo que sente, mas o que é mentira. A literatura não espera o cristalino do natal refazer a cara da gente para cair na cafonice das palavras comuns em dedicação ao papai noel do alfabeto novo.
Tiraram os livros e colocaram um alfabeto nos controles remotos.
O que ocorre a partir disto? A não ser que se condene a fonte de energia cuja menor sustentação extingue a lástima para criar o caos, certamente nos incorrerá menor poesia em nossos retilíneos momentos de vingança.
Por que passaram a aplicar em algum lugar equidistante algo como fosse certeiramente longe? Ou por que dão que os níveis estão acima dos parâmetros? Pegaram as metáforas dessas crianças e colocaram nos pães.
Mas, e o rótulo? – Sem gordura trans!
Não existe cerimônia quando a verdade é uma saudade! Melhor, claro, topar com incontáveis mentiras bruscas, porém, destronáveis: a ter que implorar para que a observação individual dê ao mundo todo: uma festa.
Vai dizer que não nos consome vasculhar se há mesmo o caju por trás da castanha? Ou explorar a tumba do que seremos em ossos ou múmias (pois até quando dura a imagem digital?)? Já percebeu que dois pontos de interrogação em sequência podem parecer forçar a barra? Ser atento não é o mesmo que parecer atento, já pensou?
Acabei de ser demitido. Não, do emprego não... Mas do espaço que me cabe neste mundo. Caramba, quem aqui falou em morte!? Existencialista, tampouco. É que deu uma vontade de tirar umas férias de tudo o que já nos é, de algum humano, conhecido.
E como férias, por plena mentira, ninguém leva tão a sério... A moral das verdades prefere optar pela demissão. É uma justa causa. Vai dizer que por trás de toda mentira não existe uma porção de verdades equivocadas, que até outro dia, foram tratadas por inquestionáveis?
E vice-versa...