Depoimento de um ex pastor 

     Estava ouvindo um depoimento de um ex pastor da igreja Assembléia de Deus, e fiquei muito comovido de como ocorreu o processo de mudança de uma doutrina cristã para o catolicismo. Não quero usar a palavra conversão, por não concordar com esta terminologia, por entender que tanto protestantes como católicos tem sua espiritualidade baseada no cristianismo, sendo assim, há apenas contradições na maneira de pensar e interpretação bíblica.
 
     Seu depoimento é emocionante e de grande importância porque vem de um homem nascido, criado, vivido no meio evangélico, com todas as raízes fortes e fundamentadas na doutrina da Assembléia de Deus. Seu depoimento é forte; porque como Paulo perseguia os cristãos, este pastor tinha como missão arrastar católicos sem vivencia na fé católica a abandonarem a igreja e torna-se também um protestante. Segundo suas palavras era um ferrenho perseguidor da igreja católica. Conta várias cenas que presenciou e incentivou católicos encherem sacos de imagens e quebrarem na sua frente dizendo que a partir daquele momento passariam a aceitar somente Jesus. Seu depoimento é forte; por relatar a perseguição que sofreu por parte dos evangélicos, família que o rejeitou porque havia tornado católico após suas experiências. 

     Pois bem, a mudança do protestantismo o qual era um pastor de grande destaque na Assembléia de Deus na sua região ocorreu por sinais profundos de Maria, que por três vezes se manifestou a ele. Uma vez, manifestou em um momento que se encontrava absolutamente sozinho, numa cidade onde não conhecia ninguém e que passava por necessidades de alimentação e locomoção. Após dois anos se manifestou novamente por meio de uma imagem com sinais diferentes na escultura e complementou no sonho da noite seguinte, lhe revelando algumas profecias para si. E na terceira vez, se manifestou quando fazia uma oração para um casal que apenas queria uma benção para cada um seguir seu rumo. No momento profundo de oração o casal se reconciliou – esta ultima aparição não foi propriamente a ele, mas ao cônjuge o qual fazia oração. Mas que a ele (pastor) ocorreu à revelação por ter sido descrito pelo cônjuge a semelhança da mulher que outrora aparecera a ele com roupa também semelhante.

 
     Estas manifestações de Maria no primeiro momento não o fez abandonar o protestantismo, mas foi sua forma de pregar Maria que incomodava os outros pastores, pois, seu interesse foi tão profundo em saber mais sobre esta mulher (Maria) que mergulhava em livros e mais livros para conhecê-la melhor, e assim, sem que se desse conta suas pregações coincidiam com o pensamento da igreja católica. É bem verdade, que diante de tantos acontecimentos e manifestações de Maria o levou a ter um debate para discutir pontos divergentes entre os protestantes e o catolicismo com um sacerdote o qual saiu sem palavras diante respostas que obteve naquela conversa.

     Diante suas reflexões, foi chamado pelos seus superiores a uma retratação, isto é, ou parava de falar de Maria, ou seria disciplinado – disciplinado para os protestantes é ser proibido de pregar (excomungado como se diz no catolicismo).
 
     Algo muito profundo que ele disse quando teve a palavra no momento da interpelação foi: Sabe-se que os grandes profetas e pais da fé muitos deles foram grandes pecadores; Moises matou um homem; Davi – a menina dos olhos de Deus – para ter a mulher de Urias, o matou; Pedro negou Jesus por três vezes. No entanto, estes homens são citados com ênfase nas pregações. Então, porque Maria não deveria ter o mesmo tratamento dado, pois o Sim dela que trouxe a salvação ao mundo. E ainda, pediu aos pastores que citassem na bíblia um único pecado de Maria. Caso eles citassem, daquele momento em diante ele não falava mais de Maria em suas pregações. Um silêncio se fez, quando um pastor disse que ele era muito astuto, pois sabia que eles não tinham como responder, pois, na bíblia não havia nenhuma citação naquele sentido. A partir daquele momento foi convidado a deixar a igreja.

 
    Daquele momento em diante sofreu muito, foram varias calunias, chegou até apanhar  outras situações que passou  nem quis comentar. Como começou a passar muitas dificuldades foi para casa de sua mãe com a esposa e filhos. Ao chegar à casa de sua mãe e ao saber que ele teria se tornado católico a primeira atitude foi colocá-lo para fora de casa, sem mesmo entrar porta adentro. No outro dia sua esposa também o abandonou.
 
     Algo bonito deste ex pastor foi que diante todas estas provações, diante todas estas perdas, mesmo sem entender nada; mesmo sendo varias vezes convidados a repensar sua atitudes pelos pastores; mesmo sobre a pressão da mãe manteve firme na sua Fé, ainda que, por varias vezes sofria a falta de entendimento do que estava ocorrendo. 

     Após um ano e meio separado e firme na igreja católica, sentia uma angustia profunda, pois em suas palestras, em suas reflexões sempre falava dos valores da família, educação dos filhos e, no entanto, era uma pessoa separada. Então, este foi um dos pedidos que fez a Maria, para que o ajudasse a reconquistar sua família. Certa vez, no inicio de uma pregação na igreja, antes de iniciar, uma ministra da Eucaristia o aproxima e diz que uma mulher estava na entrada da igreja chamando-o. Ele pede que a ministra diga a mulher que assim que  terminasse a pregação a atenderia, porém, a ministra retorna dizendo que a mulher dissera que era sua esposa. Nesta hora ele puxa o canto Maria de Nazaré, e vai ao encontro de sua esposa que lhe pede perdão dizendo que queria ser católica. A mesma atitude toma sua mãe (pede perdão) posteriormente, mesmo continuando evangélica, diz que independente a religião ela o amava muito.

 
     Realmente, é um depoimento profundo, onde mostra os desígnios de Deus, e como Ele age na vida das pessoas. Traz a presença maternal de Maria e também como ela na sua mansidão se apresenta sempre nos momentos mais difíceis de seus filhos. Mas, sobretudo, um depoimento de um homem que mesmo criado numa doutrina rígida, fundamentalista é alguém aberto ao coração de Deus. Pela abertura de coração sai de si, de suas convicções religiosas e cede ao conhecimento, aprofundando nos ensinamentos da igreja católica, sendo fiel a suas origens cristãs, porem aberto ao novo, aberto a Fé.

 
     Talvez Paulo se fosse um homem de cabeça dura e fundamentalista, jamais conseguiria ver Jesus no momento de sua conversão e assim, ceder ao cristianismo. Muitas vezes o homem até pode ser uma pessoa difícil e fiel a seus conhecimentos, parecendo ser uma pessoa de difícil abertura, porém, esta pessoa tem uma personalidade dura, mas um coração disponível e sincero. Esta é a diferença entre os homens espirituais sejam eles padres, pastores ou mesmo de outras espiritualidades.