Nós, as folhas sêcas ...
Nem tudo tem forma e cor, sentimento ou cheiro.
Passamos a vida sem saber realmente o que queremos ou querendo de forma tão intensa que não enxergamos a oportunidade.
Vagamos pelas águas da incerteza e pelo fogo da insegurança.
Mal vistos pela metade da humanidade e ignorados pela outra.
Somos folhas secas ao sabor do vento da realidade.
E ainda temos que (sobre)viver entre o cinismo da moralidade.
Em alta a arrogância e a vaidade, como se fossem diferentes, o poder e o cinismo, como se fossem diferentes, o absoluto e o cômodo, como se fossem diferentes.
Em baixa a humildade e o interesse, a cidadania e a verdade, a opção e o crescer, como se fossem indiferentes.
O significado do valor foi desvalorizado.
Os interesses de uma minoria subjugam as necessidades da maioria que cumpre as normas e as leis que nem foram criadas por ela, a maioria. Há incontáveis anos temos vergonha ou coragem de ser honestos, como já havia dito o poeta e jurista.
E de tanto ver crescer a injustiça, a omissão, a desonestidade, nós as folhas secas, temos que nos juntar e propor a virar uma grande fogueira, só para queimar os pergaminhos escritos pelos espertos de plantão.
Talvez aí, as coisas tomem forma e cor, sentimento e cheiro.
Principalmente, cheiro de vida.