A VILA MULHER

A VILA MULHER

Uma das características mais interessantes da Vila Santa Maria é a denominação das suas ruas. Quase todas têm nomes femininos. Deixando a ESTRADA DO MANDÍ (1), passando a Casa Progresso e logo após a Padaria do “seu” João, entra-se na Vila pela rua ISABEL (2) , e o ponto final do ônibus “92” é na rua DULCE (3). Defronte o ponto do ônibus, do outro lado da rua, a Farmácia Bugre, do Salvador e Dna. Luiza. Ao lado, a casa da mais conhecida das parteiras, Dna. Madalena. Junto, o bar do Ditinho, um dos nossos pontos de encontro A ladeira íngreme que sai da rua Dulce é a rua CLARICE (4), com a delegacia na esquina. Descendo, no seu final chegamos à rua LUIZA (5), cruzando antes a rua LEONOR (6), que começa na rua ORMINDA. Saindo desta na confluência com a rua Luiza, tomo á direita a rua OLÍVIA (7) , cruzando a rua LAURA (8) . Subindo, volto à estrada do Mandí, e à direita, a rua por onde retorna o “92” à cidade, é a rua ERCÍLIA (9) .

Da confluência da Isabel com a Dulce sai a rua CÂNDIDA(10), que termina na estrada do Mandí. Cruzo-a, subo um pouco e à direita entro na avenida EULINA, onde, na primeira quadra fica o Cine Oriental, à direita. À esquerda, a rua MARINA (11) . Volto à estrada do Mandí, passo pela GRISÁLIA e desço em direção à Cachoeirinha. À minha esquerda, a rua ALICE (12) . Tomo, à direita, a rua CECÍLIA (13), e novamente à direita, a Isabel, para chegar ao largo.

No largo, na verdade o encontro da Isabel, Dulce e Cândida, temos a Padaria Rosa Branca, e ao seu lado a Farmácia, do Nelson, que depois seria a Droga Eny, do Marcos. A casa e o Bar do Cabral, que tinha cães de caça. Na mesma construção, o salão de barbeiro, do Virgílio. Na calçada, a banca de jornais do Sebastião. Em frente a Radiotécnica do “seu” Nilo e o bar do “seu” Jorge. Ao lado, a Escola de Datilographia ...................................................., das irmãs................ Ainda na Isabel, descendo, o açougue do .................. e a serralheria do Thomaz, à direita. À esquerda, a casa do Mário, o primeiro operador do Cine Oriental, mais tarde demolida, junto com outras, para a construção do Supermercado dos Teruya. Mais abaixo, na esquina da Cecília, a fábrica de bolas de vidro para árvores de Natal , do pai do Homero, e a sede do grupo de escoteiros. Descendo, à direita a chácara dos Frizza.

Voltando à Isabel, em direção à estrada do Mandí, à direita, o Foto Otsuyama, do Kaoru, a Tinturaria Leque, e um pouco mais à frente, no mesmo prédio da Panificadora Trigolar, já na esquina, o salão de barbeiro do “seu” Lázaro, ou, como ele mesmo se apresentava, “Lazo Franco, seu criado”.

São essas ruas que ainda percorro, vez ou outra, passados já tantos anos. Na memória que vai indo embora, seu casario, becos, travessas, terrenos baldios e quintais, bem poucos agora.

Nos meus pés, o pó dessas ruas, quando eram ainda de terra, e barro, quando chovia.

Nos meus olhos, do alto das suas colinas, num giro panorâmico, vejo o Sol nascendo à leste, e vejo seu crepúsculo, à oeste, atrás do Jaraguá. Ao norte, o verde da Cantareira. Lá embaixo, no oposto, o vale do Tietê, que um dia já foi Anhembi. Mais ao longe, a metrópole gigantesca, crescendo sempre, cinzenta, dominadora, assustadora, destruidora.

Ao percorrer suas ruas, trago em meus ouvidos os sons da vila e das vidas. Homens e mulheres. Risos das crianças, choros de bebês, o lamentar baixinho dos velhos. E até o silencio, o não-falar dos desvalidos.

Os sinos de São Luiz Gonzaga, a sineta do Paulo Setúbal, o apregoar das carroças de pão e leite, de verduras, do carvoeiro. A música dos alto-falantes dos circos, dos parques de diversões, da Quermesse, do intervalo do Cine Oriental.

Estás dentro de mim, Ó Vila Santa Maria, com toda tua gente. Tua gente de ontem, hoje fantasmas; tua gente de hoje, herdeiros do teu passado.

Nestes meus olhos, agora um pouco cansados e baços, às vezes perpassa o reflexo de um verde olhar. E eles, ainda que por um breve instante, voltam a brilhar.

Ave, Vila!

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(1) atual av.dep. Emílio Carlos

(2) atual rua Thomaz Antônio Vilani

(3) atual rua Salvador Padilha Gimenez

(4) atual rua Salomão Maierovitch

(5) atual rua César Penha Ramos

(6) atual rua Andréa Del Castagno

(7) atual rua prof. Clóvis Ribeiro

(8) atual rua Castrinópolis

(9) atual rua Cecília Maierovitch

(10) atual rua Henrique Almeida.

(11) atual rua Miguel Gustavo

(12) atual rua Manoel Duarte

(13) atual rua prof. Nylceo Marques de Castro.