É PRECISO AMAR OS HOMENS!
No decorrer de minha vida, amei vários homens. Antes que meus amigos declarem-se inimigos ou parem de ler o texto, esclareço que as mulheres sempre foram, são e serão por muito tempo, se São Ciális permitir, objeto da minha mais profunda admiração, respeito e desejo – Este último devidamente controlado porque minha Senhora lerá este texto e não quero que ele desfeche em morte, ou pior, em capação - Adoro os timbres de voz, até os chiliques e o chorar sem explicação. Adoro os andares, os cheiros... Adoro enfim. Não detalharei muito pro texto não ficar pornográfico e pra que eu não fique dormindo no sofá até o São João...
Mas o fato é que amei vários homens, alguns nem são reais, e minha relação com eles determinou, em grande medida, para o bem ou para o mal, já que nem todos são heróis, o homem que sou hoje. A relação é grande e não é exaustiva.
Meu vô Jibóia tinha voz grave e o falar naturalmente poético. Não raro, falava frases absurdamente recheadas de palavrões que, no entanto, tinham o efeito, ou eram seguidas, de um carinhoso e demorado abraço.
“Puta que pariu!...acho que tô ficando velho mesmo, esse meu neto capeta me enche o saco! Mas eu sou doido pelo sacana!”
Eu jogava damas com as peças do xadrez dele (um carpinteiro que jogava xadrez, que onda...) e corria da surra que certamente viria. Ele dizia que dama era jogo de burro...Hoje, olhando em perspectiva, percebo o quanto o amava e o quanto aprendi com ele.
Meu professor Tertuliano, colocou em minha cabeça de adolescente a diferença entre conhecimento e sabedoria. “O conhecimento deve ter um propósito. A sabedoria é um propósito em si...”
Guilherme de Baskerville, personagem central de “O nome da Rosa” de Umberto Eco, um frade franciscano com uma crença laica na capacidade dedutiva do ser humano. Recusa-se a enveredar pelo sobrenatural mesmo quando tudo leva a crer. É frade, mas põe a religião em seu lugar. Falando a Adso, seu discípulo: “Teme, Adso, os profetas e os que estão dispostos a morrer pela verdade, pois de hábito levam à morte muitíssimos consigo, freqüentemente antes de si, às vezes em seu lugar”...
“Seu” Kekeu era um velho pescador de Mapele. Minha mãe morrera e eu, em parafuso, tinha o hábito de queimar aula pra passar as tardes lá com os pescadores conversando, fiz várias amizades, aprendi a beber cachaça, almoçava na casa deles.
Certa vez, me ouvindo falar que o estudo garantia uma vida de sucesso, me disse algo assim: “Fio, não tem esse negócio de vida de sucesso não... toda vida perde, a morte sempre ganha... Num queira estudá pra ficá rico. Tem estudar é prá num ficá burro, senão os outros faz você de besta...”
Jader e Nen nas conversas etílicas até a madrugada discutindo filosofia e tentando achar os porquês do mundo. Normalmente achávamos uma grande ressaca e eu, uma briga em casa...Hoje creio que a compulsão humana em dar sentido às coisas é algum defeito de fabricação do nosso cérebro, as coisas não estão nem aí pra gente. E gastamos a vida tentando explicá-las...
Meu amigo Antonio Dias, que um dia pretendeu criar uma “Teoria Geral da Ação Lógica”...Meus amigos são um capítulo a parte. São umas figuras. Não são muitos e alguns são muitíssimo diferentes entre si. Eu os amo apenas porque eles existem, ainda que não nos falemos sempre.
Meu tio Vequinho é o mestre da alma feminina. Outra figuraça: “Nal, as mulheres são o que mais importa nesse mundo, tudo o que fazemos, na verdade, é para impressioná-las. Elas são rainhas...” Falou e disse!..Como não amar um cara desses?
Sim, amei e amo todos eles e muitos outros. Várias vezes falam e agem por mim, os invoco nos momentos difíceis, nos momentos de alegria ou quando é preciso força extra pra me levantar das várias quedas que a vida proporciona.
Também os invoco, sempre, no trato com o sexo oposto. Talvez por isso as mulheres que me amaram o fizeram de forma tão absoluta até o momento em que eu, agindo por conta própria, fiz alguma grande besteira. Elas viam o amálgama...
Então, meus amigos, amem os homens certos e façam suas mulheres felizes!