Objetivação e Objetificação
São duas palavras aparentemente semelhantes na sua forma. Nem sei se teriam os mesmos radicais. Mas são de conteúdos diferentes.
Objetivação é a finalidade, o que se objetiva. Objetificação, o que se tenciona transformar em objeto.
Seus conteúdos podem ser explicados se as relacionarmos, por exemplo, a uma modalidade de racismo no Brasil – o ideológico.
Vejamos o caso da mulher. Se ela é, reconhecidamente em muitas situações, um objeto de consumo, sendo negra o é em maior intensidade. Na medida em que na mídia, notadamente em certas revistas, apenas dessa forma é caracterizada. Nas fotos privilegiam-se suas coxas e nádegas, muito mais que seus rostos. Que, no caso das brancas, não deixam de aparecer, apesar da importância dada à plasticidade do corpo.
O objetivo disso (objetivação) pode ser o de caracterizar o negro pelo que ele representa intrinsecamente de plástico, sensual, de pecado na venda de um sonho. Uma mercadoria de uso imediato. Deixando-se de lado o patamar reservado ao conteúdo intelectual, de natureza, portanto, presumivelmente superior. Tratando-se assim de uma objetivação de caráter preconceituoso.
A objetivação é então uma linha de conduta, um escopo. E a objetificação, um mecanismo de que a objetivação faz uso para a sua viabilização.
Procure olhar sob essa ótica revistas como "Playboy", "Veja",
"Atrevida", "Nova", "Caras" e outras e veja se não tenho razão. É claro que pode ser que não.