O ESTRANHO
Estou aqui pensando na solidão de um lindo domingo chuvoso. Nas minhas andanças pensamentosas deparei com o meu eu em confronto comigo mesmo.
Comecei a questionar a vida e os seus feitos mirabolantes. Meu eu convida- me então:
_ Cara, vamos sair por aí para tomar umas.
Respondi cheio de razão:
_ Não sou adepto. O álcool prejudica a saúde.
Então ele tira do bolso um cigarro, advirto:
_Se continuar fumando e bebendo vai acabar morrendo.
Fiquei atônito ao ser questionado por ele:
_Seu pai fumava?
Respondi com orgulho:
_Não, nunca fumou nem consumiu bebida alcoólica !
Continuou:
Sua mãe ingeria bebida alcoólica?
Retruquei:
_ Não, nunca bebeu nem fumou!
Ao que ele me disse:
Então os chame, por favor, quero parabenizá-los.
Respondi:
_ Não posso, estão mortos.
Em silêncio pude vê-lo se afastando baforando uma densa fumaça. Dirigiu-se ao bar de sempre onde pude observá-lo a saborear uma cachaça da boa. O maldito de longe parecia zombar de mim. Não o retruquei. Cada um faz da vida o que bem quer. Só não fiquei muito satisfeito ao constatar o tamanho do seu egoísmo. Enquanto tento preservar a vida dele a todo custo, sem nenhuma preocupação com o futuro ele se esbalda e acaba sem nenhuma piedade devorando a minha.
Enquanto penso:
_ Seu babaca! Quero estar vivo em 2060.
Ele pensando:
_ Idiota, em 2050 estará tão morto quanto eu.
Saulo Campos- Itabira MG