A PRIMEIRA VEZ
Há mais ou menos uns 28 anos, encontrei uma folhinha de papel com este poema. Foi a primeira vez que li alguma coisa de Violeta Formiga e, confesso, fiquei impressionada, tocada, aturdida, sei lá! Só sei que não consegui mais me desfazer daquele papelzinho. Lembro-me que achei aquelas palavras tão fortes e definitivas, como uma mensagem derradeira, uma premonição, uma despedida.
Nunca antes uma poesia havia me perturbado tanto assim. O fato é que guardei o poema na memória por todos esses anos, e a folhinha passou a integrar um livro artístico que produzi quando estudei História da Arte no curso de Educação Artística (e ainda o tenho comigo). Eis o poema:
CATEGORIA (Violeta Formiga)
Amanhã
você não mais
me verá acontecer.
As coisas não têm
memória
nem essência:
atribuo
uma nova existência
a você.
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A título de esclarecimento: em 1982, a poeta paraibana Violeta Formiga foi barbaramente assassinada pelo ex-marido, aos 31 anos de idade. Suas poesias denunciam os vários tipos de violência que sofreu. E este, inclusive, foi o tema do meu trabalho final da pós-graduação.