"Casa no Campo"
Quase todo supermercado onde faço compras, encontro revistas à venda próximas aos caixas. Quando a fila é morosa, aproveito para ler a capa de algumas, e isso me basta.
Dessa vez, não li capas, entretanto ao bater os olhos nelas, deparei com algo que me assustou: todas estavam lacradas, evitando, assim, que o cliente as folheiem antes da compra. Tive um lapso de saudosismo e me questionei “no meu tempo era assim?”
Não sou tão velha, mas posso dizer que sou do século passado; e voltando ao meu saudosismo pude responder prontamente que NÃO, no meu tempo não era assim. O que se tinha em lacre era revista para adulto, e, na verdade, elas não eram expostas com facilidade, porque causava desconforto às mulheres, que pelas bancas passavam.
Senti um misto de estranheza e policiamento, porque fui confundida com pessoas inescrupulosas e que desrespeitam pequenas regras, como as de NÃO ler revista, se não for comprá-la.
Verdadeiramente, nossa liberdade está mais vigiada do que nunca. No meu condomínio tem câmeras de segurança até na área de lazer, qualquer pessoa do planeta pode visitar a rua em que moro, desde que acesse o Google (e “viva o Google), sabemos, a cada segundo, o que fulano e fulana fazem porque as redes sociais instigam-nos a isso ( e azar o nosso se dissermos que não temos rede social), enfim, será que o verso inicial de “Casa no Campo” vai inspirar pessoas a fugirem dessa escravidão velada do século vinte e um?
Fica a minha dúvida.