O que eu já inventei?

 

 

 

Já bolei algumas coisas, mas inventar, nunca inventei. Nem mesmo histórias para escrever eu consigo, tem que ter um fundo verdadeiro. Quer dizer, a partir de algo que ouvi, que presenciei ou li, posso criar desdobramentos. Acho mais fácil imaginar a planta de uma casa, apesar de não ser arquiteta. Esta em que eu moro é de ‘minha própria autoria’. E ficou, modéstia à parte, bonita e bem bolada, apesar de simples. Mas é confortável e prática. Onde quer que eu esteja, posso ver as árvores e flores lá fora, só os banheiros são mais vedados, claro. Não gosto da moda atual de vidraças panorâmicas em ‘salas de banho’, mesmo cercadas de plantas. Aliás, acho desnecessário banheiros muito sofisticados. Já morei em um apartamento que tinha duas banheiras; usei a minha umas três vezes e meus filhos nunca usaram a deles... Prefiro a pia da cozinha embaixo da janela, lavo a louça ou corto cenouras olhando a paisagem.

 

Aqui nas redondezas vai ser construída uma casa, porém, antes de mais nada, estão levantando uma muralha cheia de altas colunas em volta do terreno, o que me parece incompatível com o lugar bucólico. Nas regras do condomínio não é para ter muros, mas... sei lá, outros já fizeram isso. E hoje ao passar por ali, vi pedreiros assentarem uma enorme travessa de madeira onde imagino que será o portão (solene) da entrada principal. Nela está escrito: “Que Deus lhes dê em dobro tudo aquilo que nos desejarem”.

 

Juro pra vocês que desejo que a casa fique bem bonita, que os futuros moradores sejam simpáticos, que venham a viver ali mais do que felizes...