Confraria
Tenho lido no Recanto das Letras muitas observações curiosas sobre os autores que ali escrevem feitas por autores que ali escrevem. Observações generalizadas, é claro, poucas são as pessoas com coragem suficiente para nomear os alvos de suas observações. A maioria delas diz respeito ao que uns chamam de confrarias – grupos de amigos que se leem mutuamente e se limitam a lançarem confetes uns sobre os outros. Eu fiquei pensando sobre isso, a minha confraria. Porque, com muito orgulho, eu teria uma confraria se isso representasse ter um grupo de amigos especiais reunidos em torno de uma devoção, no caso a devoção ao ato de escrever. Porque se o significado original da palavra está ligado a Religião, o senso comum hoje nos mostra que confrarias são associações formais ou informais que unem pessoas com interesses comuns com o intuito de desenvolver algum valor e constituir uma identidade própria – nesse caso a nossa identidade como escritores do mundo virtual aspirando ao real. Ou não, porque tem gente que escreve só para desabafar. Mas e daí?
Pensando bem eu acho que tenho uma confraria sim. Pessoas que escolhi ler, embora as razões de cada escolha tenham sido bem personalizadas. Pessoas que também leem o que escrevo. É uma troca sim, mas uma troca prazerosa. Lemos uns aos outros por motivos específicos e diferenciados. Alguns leio por que escrevem muito bem, são melhores que autores publicados e bem pagos e isso independe de se eu gosto ou não da pessoa, embora geralmente eu goste. Outros nem escrevem tão bem, mas por uma razão ou outra eu gosto deles e por isso os leio também. Não dá para ler todos os autores do Recanto e por isso sei que deixo escapar muita gente boa, mas quando descubro dou a mão a palmatória e o coloco em minha lista. No começo eu tinha de começar de algum jeito e assim fui selecionando – muitos que eu amava ler simplesmente desapareceram do Recanto, o que lamentei profundamente. E sim, muitas vezes eu apenas escrevo gostei, porque foi o que senti quando li. Não sou crítica literária, não tenho nenhuma obrigação de criticar positiva ou negativamente. Sou apenas leitora lendo amigos. E é incrível observar o desenvolvimento dos autores com o passar do tempo. Eu mesma não escrevia crônica regularmente e observo em mim também uma evolução qualitativa. E não fico brava quando fazem o mesmo comigo (dizer gostei) e
nem quando dizem que não gostaram, da forma mais deselegante possível e anonimamente.
Sem brigas, já deixei de ler muitas pessoas, também por motivos variados. Deixei de ler um porque me chamando continuamente de amiga, estando em Lavras não me procurou nem para dizer um oi. Deixei de ler pessoas que não sabendo ler, se ofenderam gratuitamente e me jogaram pedras de volta. Continuo lendo quem nunca me lê e se lê não comenta porque gosto do que escreve. Enquanto escrevo essa crônica vou pensando neles, os meus confrades, mas não os cito nominalmente porque não é preciso – eles certamente sabem a razão pela qual os leio. A maioria deles teria muito prazer em conhecer pessoalmente, mas nunca forçarei a barra. Quando tiver que ser, será. Esse último final de semana mesmo conheci um amigo virtual que agora posso dizer que é real. Passando por aqui conheceu a minha Fábrica de Pães, visitou comigo a Livraria Cafeteria de minha amiga Beth e pudemos conversar por algum tempo. Foi muito agradável, apesar da chuvarada e eu pude comprovar mais uma vez que o mundo virtual e o real podem se comunicar numa boa porque todos pertencemos à mesma confraria – a dos seres humanos com um gosto especial: ler e escrever.
Tenho lido no Recanto das Letras muitas observações curiosas sobre os autores que ali escrevem feitas por autores que ali escrevem. Observações generalizadas, é claro, poucas são as pessoas com coragem suficiente para nomear os alvos de suas observações. A maioria delas diz respeito ao que uns chamam de confrarias – grupos de amigos que se leem mutuamente e se limitam a lançarem confetes uns sobre os outros. Eu fiquei pensando sobre isso, a minha confraria. Porque, com muito orgulho, eu teria uma confraria se isso representasse ter um grupo de amigos especiais reunidos em torno de uma devoção, no caso a devoção ao ato de escrever. Porque se o significado original da palavra está ligado a Religião, o senso comum hoje nos mostra que confrarias são associações formais ou informais que unem pessoas com interesses comuns com o intuito de desenvolver algum valor e constituir uma identidade própria – nesse caso a nossa identidade como escritores do mundo virtual aspirando ao real. Ou não, porque tem gente que escreve só para desabafar. Mas e daí?
Pensando bem eu acho que tenho uma confraria sim. Pessoas que escolhi ler, embora as razões de cada escolha tenham sido bem personalizadas. Pessoas que também leem o que escrevo. É uma troca sim, mas uma troca prazerosa. Lemos uns aos outros por motivos específicos e diferenciados. Alguns leio por que escrevem muito bem, são melhores que autores publicados e bem pagos e isso independe de se eu gosto ou não da pessoa, embora geralmente eu goste. Outros nem escrevem tão bem, mas por uma razão ou outra eu gosto deles e por isso os leio também. Não dá para ler todos os autores do Recanto e por isso sei que deixo escapar muita gente boa, mas quando descubro dou a mão a palmatória e o coloco em minha lista. No começo eu tinha de começar de algum jeito e assim fui selecionando – muitos que eu amava ler simplesmente desapareceram do Recanto, o que lamentei profundamente. E sim, muitas vezes eu apenas escrevo gostei, porque foi o que senti quando li. Não sou crítica literária, não tenho nenhuma obrigação de criticar positiva ou negativamente. Sou apenas leitora lendo amigos. E é incrível observar o desenvolvimento dos autores com o passar do tempo. Eu mesma não escrevia crônica regularmente e observo em mim também uma evolução qualitativa. E não fico brava quando fazem o mesmo comigo (dizer gostei) e
nem quando dizem que não gostaram, da forma mais deselegante possível e anonimamente.
Sem brigas, já deixei de ler muitas pessoas, também por motivos variados. Deixei de ler um porque me chamando continuamente de amiga, estando em Lavras não me procurou nem para dizer um oi. Deixei de ler pessoas que não sabendo ler, se ofenderam gratuitamente e me jogaram pedras de volta. Continuo lendo quem nunca me lê e se lê não comenta porque gosto do que escreve. Enquanto escrevo essa crônica vou pensando neles, os meus confrades, mas não os cito nominalmente porque não é preciso – eles certamente sabem a razão pela qual os leio. A maioria deles teria muito prazer em conhecer pessoalmente, mas nunca forçarei a barra. Quando tiver que ser, será. Esse último final de semana mesmo conheci um amigo virtual que agora posso dizer que é real. Passando por aqui conheceu a minha Fábrica de Pães, visitou comigo a Livraria Cafeteria de minha amiga Beth e pudemos conversar por algum tempo. Foi muito agradável, apesar da chuvarada e eu pude comprovar mais uma vez que o mundo virtual e o real podem se comunicar numa boa porque todos pertencemos à mesma confraria – a dos seres humanos com um gosto especial: ler e escrever.