Um momento...um espanto...

Lá fora a chuva suave e fininha.

Tudo em volta move-se vagarosamente...

Como num filme em flash back, os pensamentos voltam e voltam tentando detectar onde, quando, como nos perdemos.

Num átimo de segundo, algo atingiu e desequilibrou o vaso de cristal de nossos momentos.

Vejo-o no silêncio das lembranças, caindo estilhaçado, caindo lentamente...

Revejo os jardins onde passávamos horas falando de coisas tão bobas e tão nossas...olhos brilhantes e sorridentes pelo prazer simples e puro de estarmos juntos; os pássaros, os pequenos insetos, as borboletas em volta; o cheiro inconfundível das alfazemas e lavandas que a brisa trazia perfumando nosso riso leve e cúmplice.

Ressoa ainda cada doce palavra repetida como eco insistente das recordações.

Pulsa em delírio meu corpo, como um bandolim cujo arlequim não deu o ultimo acorde.

Onde... quando... como...

Houve sim um instante, imperceptível segundo, quando a fagulha da desconfiança trincou o frágil cristal.

Mas foi somente quando nossos olhos já não viam as borboletas azuis, nem ouviamos a cascata ao longe, nem havia mais o cheiro das acuçenas no ar é que percebemos o vaso em pedaços aos nossos pés.

Nos olhamos num espanto só.

Já não éramos. Fomos.

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Lá fora a chuva suave e fininha continua...

Aziul
Enviado por Aziul em 26/10/2011
Reeditado em 30/10/2011
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