O HUMOR E O TRÂNSITO
Dizem que o humor é a quebra da lógica. Este é um princípio que adotei para vencer esta passagem neste país de Santa Cruz.
É verdade, que quando chegamos ao período da chamada terceira idade, os reflexos sensoriais vã diminuindo gradativamente. Há exceções. Conheci idosos com memórias ativas e disposições físicas de invejar muitos jovens. Ainda com meus 7 ponto 5 seguro as pontas, mas de vez em quando dou uma vacilada.
Um dia desses, ao atravessar uma rua, com o trânsito aparentemente calmo, de repente pneus cantam e um veículo quase me atropela, não fosse a habilidade do motorista, teria vestido o pijama de madeira e indo morar na cidade do pé-junto. O motorista, irritado, com razão, lógico, gritou alto: vai pra casa reza, veio! Como estava bem próximo ao semáforo, ele teve de parar. De caso pensado usei a minha técnica de ator, aprendida em grupos de teatro amador: contraí os músculos do rosto, representando um tom agressivo e retruquei: O que você falou? O motorista se assustou um pouco, mas recuperou rápido e repetiu: mandei o senhor ir pra casa rezar! Eu, ainda representando o tom agressivo, devolvi: Você quer saber de uma coisa? Quero! Voltei ao natural e fiz o sinal positivo com o polegar, completando: Você está certo!
O sinal abriu e o rapaz arrancou o carro, sorrindo e balançando a cabeça. Naquele momento o humor interrompeu a raiva do motorista. Provavelmente dirigiu tranqüilo nesse trânsito louco de BH.
Texto escrito em maio de 2011.