E VIVA O CIRCO!
Quando criança eu era apaixonada por circo. A casa onde nasci e morei até os 12, 13 anos era numa rua muito larga, por isso sempre armavam por lá: circos, parques de diversão, comícios, lapinhas, enfim, minha rua era uma festa quase constante.
Passaram por lá circos grandes, luxuosos e renomados, como também circos paupérrimos, do tipo “tomara que não chova”, pois não tinham lona para cobrir, e a penúria era tamanha que a trupe ainda pedia comida e água na vizinhança. Mas criança não se importa com essas diferenças, o importante é se divertir. E eu me diverti muito nos tantos circos que passaram por minha rua durante os “meus verdes anos”.
Confesso que nunca achei graça nos palhaços, pois não entendia e sempre me perguntava: por que uma pessoa pinta uma cara tão triste e fica tentando provocar risos nos outros? Também não gostava de números com animais, pois além do medo de que escapassem, achava-os muito infelizes naquelas jaulas apertadas e sujas.
O que mais me atraía, na verdade, era o “drama”, uma peça encenada no final do espetáculo. Apesar das atuações precárias, fraquinhas mesmo, eu ficava encantada. Foi dessa época que nasceu em mim o interesse pelo teatro.
Quando não tinha circo na rua, fazíamos um no quintal de casa com as colchas das camas e as cortinas da nossa casa. No espetáculo não tinha animais nem palhaço, mas tinha música, dança, trapézio, malabarismo, contorcionismo, equilibrismo e até mágica. Claro que, às vezes, também aconteciam acidentes.
Os filhos dos vizinhos eram os espectadores e, para entrar, tinham que pagar trazendo pipocas, bombons, chicletes, picolés, biscoitos ou frutas para o lanche. Sim, porque tinha a hora do lanche coletivo, era a interação entre a plateia e os “artistas”. Ah, como era bom aquele tempo...