CORRE NA INTERNET
Por Carlos Sena
Por Carlos Sena
Correm, na internet, amores líquidos perdidos nos bares da cidade, em busca de taça de cristal ou copo de geleia de mocotó para se abrigar. Corre, na internet, gente neurótica que não tem coragem de fazer psicanálise nem psicoterapia, mas buscam nos bate-papos, alternativas de encontrar pessoas para lhes infernizar a vida. Corre, na internet, um bando de gente buscando casamento nas redes sociais como forma de se dar bem. Atiram em todas as direções, principalmente nas mulheres coroas pela possibilidade de um manjado golpe do baú. Corre, na internet, mentirosos a cântaros. Projetam suas frustrações e neuroses em forma de mentiras. Adoram os bate papos para se passarem por ricos, bonitos, jovens, etc., mas a realidade é o contrário do que dizem ser. Corre na internet, uma corriola de falsários esperando uma oportunidade para vender o que não têm e dizendo que têm o que não possuem. Corre na internet a solidão dissimulada ora em forma de amores, ora em forma de excitação, ora em forma de rancores ora em forma, mas sem dimensão. Corre o medo na internet, como forma de encontrar abrigo e solução de diversos males: busca-se sanar o medo do câncer, esperando que pela rede, algum remédio novo aparece. Busca-se amenizar a depressão, na esperança de que algum remédio revolucionário lhes devolva a vontade de viver. Enfim, há quem busque pela internet até o marido ou a mulher que um dia se foram pra não mais voltar. Também há os que querem fazer da net, abrigo para suas fantasias sexuais e neuroses existenciais – passa-se por apaixonados, marcam encontros e vão a eles apenas pra ver se o outro compareceu; se dizem adeptos de práticas pouco ortodoxas de sexo, mas só para “manipular” o imaginário dos carentes. Corre, na internet, o que não teve forma de não correr – verdadeiras sangrias desatadas em busca de abrigo no colo dos desavisados.
Poderão me perguntar: mas só correm na internet coisas ruins, perigosas e de caráter duvidoso? – Certamente que não. Coisas boas correm por ela patrocinadas por pessoas bem intencionadas e de bom coração, só que isto é obrigação de todos. Em todo caso, cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.