MEUS PARCEIROS DE HISTÓRIAS
Sempre que eu passo num ponto de táxi a Rua Figueiredo de Magalhães, ente a Rua Domingos Ferreira e a Avenida atlântica, em Copacabana, eu paro para conversar com alguns conhecidos, motoristas de táxis e digo-lhes que ganhamos algum tempo, num bom bate papo informal e descontraído. Um profissional de táxi tem sempre ótimas histórias para contar; conhece pessoas famosas, ouve comentários e histórias interessantes, depois as passam a sua maneira.
Certa feita, numa manhã de domingo, parei para conversar com o Carlos e ele disparou a falar; havia transportado um passageiro, - eu acho que ele tinha uns 76 anos, falava pelos cotovelos e parecia está decepcionado com as pessoas em geral, até mesmo com ele.
- Pois é meu caro chofer, já vivi quase que uma vida inteira, e hoje falo das minhas conquistas, das desilusões com os outros e até comigo mesmo, e por que não?
Sempre admirei o ser humano, mais ainda, acreditei no homem, hoje, porém, quase no final dos meus dias posso lhe confidenciar meu caro, que tenho repensado o meu modo de ver a humanidade. Parece-me que as pessoas estão de certo modo perdidas dentro de suas próprias crenças, parecem-me escravas de suas vontades ou de seus dissabores.
Ao parar para rever velhos e novos conceitos sobre o homem neste mundo, logo estava a rever as minhas próprias ideias, minhas velhas crenças e assim, velhos paradigmas deixavam de ganhar minha credibilidade.
O Carlos após ouvi-lo atentamente perguntou: - o senhor não acredita mais na humanidade? Ao que o passageiro lhe respondeu: - Eu amigo me decepcionei comigo mesmo, veja você... Com os outros então... Carlos ouviu e calou.
Não é difícil entender o que se passava no pensamento daquele senhor, passageiro do táxi, desse meu amigo de jogar conversa fora. Depois de certo tempo em nossa vida, passamos a enxergar determinadas coisas, que quando mais jovens não percebemos.
Quando mais jovens passamos por cima de muitas coisas, mas já a partir da meia idade notamos mais e compreendemos melhor os fatos. Não posso afirmar se isto é bom ou ruim, porém a percepção da vida torna-se bem mais aguçada.
Percebemos que nós humanos ficamos um bom tempo da nossa existência, aprisionados as regras, padrões, interesses, poderes, orgulhos, vanglórias, status, espirito de grandeza, e outras coisinhas mais, quando na melhor idade, nada disso é significante para o homem.
A certa altura da vida o que faz falta ao homem é o carinho, o respeito, o aceite das limitações imposta ao corpo, o sorriso despretensioso e uma boa conversa entre parceiros, amigos e amores. É tão pouco o que se precisa e mesmo assim, a maioria dos idosos não as tem. Embora tendo família, não usufrui desses valores, hoje bem restritos, mesmo entre familiares.
Rio, 24/09/2011
Feitosa dos Santos
Sempre que eu passo num ponto de táxi a Rua Figueiredo de Magalhães, ente a Rua Domingos Ferreira e a Avenida atlântica, em Copacabana, eu paro para conversar com alguns conhecidos, motoristas de táxis e digo-lhes que ganhamos algum tempo, num bom bate papo informal e descontraído. Um profissional de táxi tem sempre ótimas histórias para contar; conhece pessoas famosas, ouve comentários e histórias interessantes, depois as passam a sua maneira.
Certa feita, numa manhã de domingo, parei para conversar com o Carlos e ele disparou a falar; havia transportado um passageiro, - eu acho que ele tinha uns 76 anos, falava pelos cotovelos e parecia está decepcionado com as pessoas em geral, até mesmo com ele.
- Pois é meu caro chofer, já vivi quase que uma vida inteira, e hoje falo das minhas conquistas, das desilusões com os outros e até comigo mesmo, e por que não?
Sempre admirei o ser humano, mais ainda, acreditei no homem, hoje, porém, quase no final dos meus dias posso lhe confidenciar meu caro, que tenho repensado o meu modo de ver a humanidade. Parece-me que as pessoas estão de certo modo perdidas dentro de suas próprias crenças, parecem-me escravas de suas vontades ou de seus dissabores.
Ao parar para rever velhos e novos conceitos sobre o homem neste mundo, logo estava a rever as minhas próprias ideias, minhas velhas crenças e assim, velhos paradigmas deixavam de ganhar minha credibilidade.
O Carlos após ouvi-lo atentamente perguntou: - o senhor não acredita mais na humanidade? Ao que o passageiro lhe respondeu: - Eu amigo me decepcionei comigo mesmo, veja você... Com os outros então... Carlos ouviu e calou.
Não é difícil entender o que se passava no pensamento daquele senhor, passageiro do táxi, desse meu amigo de jogar conversa fora. Depois de certo tempo em nossa vida, passamos a enxergar determinadas coisas, que quando mais jovens não percebemos.
Quando mais jovens passamos por cima de muitas coisas, mas já a partir da meia idade notamos mais e compreendemos melhor os fatos. Não posso afirmar se isto é bom ou ruim, porém a percepção da vida torna-se bem mais aguçada.
Percebemos que nós humanos ficamos um bom tempo da nossa existência, aprisionados as regras, padrões, interesses, poderes, orgulhos, vanglórias, status, espirito de grandeza, e outras coisinhas mais, quando na melhor idade, nada disso é significante para o homem.
A certa altura da vida o que faz falta ao homem é o carinho, o respeito, o aceite das limitações imposta ao corpo, o sorriso despretensioso e uma boa conversa entre parceiros, amigos e amores. É tão pouco o que se precisa e mesmo assim, a maioria dos idosos não as tem. Embora tendo família, não usufrui desses valores, hoje bem restritos, mesmo entre familiares.
Rio, 24/09/2011
Feitosa dos Santos