A GOTA
Soube, quando estudante, que num exame vestibular, o tema escolhido para a temível prova de Redação tinha sido "A gota".
Não tenho muita certeza do que teria acontecido, mas, provavelmente, muita gente só abriu o título!
Hoje, não sei porque me bateu essa lembrança e fiquei tentado a voltar àquela carteira escolar e encarar o desafio!
Diria (ou escreveria) assim:
Como tudo na vida, as coisas são vistas de maneira diferente, dependendo dos olhos de quem as vê e do seu estado de ânimo; se a gota é vista por um cronista/poeta a descrição seria parecida com esta:
"Gota é a lágrima que rola sobre uma nostálgica face e encerra em si um enorme sentimento, de alegria ou tristeza e, que - pela beleza infinita que contém, deveria ser envasada como raro perfume...ou como uisque 12 anos..."
Para um trabalhador braçal, sob sol inclemente, a gota seria analisada como a de suor salgado
que faz arder seus olhos e o faria exclamar, após afastá-la com o dedão: "Trabalho miserável!"
Já para um físico, nada mais é do que o agrupamento de partículas líquidas que aumentam de volume com o acréscimo de outras, até que sua massa adquira determinado peso que a faça deslizar para uma ponta e, aí, sempre aumentando de peso, assuma a forma tradicional de gota e, por ação da gravidade, se desprenda e caia no espaço,” porque subir só depois de virar fumaça."
O velho farmacêutico a veria como "dose de uma droga qualquer", definição esta que sempre me preocupou pela subjetividade que carrega - assim como a do vocábulo "pitada" que depende do tamanho do polegar e do indicador de quem a aplica.
Para um circunspecto químico "gota d'água seria uma molécula com a fórmula H2O, ou seja: dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio, podendo sua densidade ser medida pela fórmula D=m/V, onde m=massa e V=volume. Dependendo dos sais que a compõe , a água pode ser, entre outras, sulfatada, clorada, fluoretada, magnesiana e” a que passarinho não bebe"
Aos olhos de um inspirado escritor a humilde gota é elevada à potência "n" e sua imagem vai chegar a você, amigo leitor, como "...fazia frio e o gélido orvalho matinal depositara sobre a folhagem verde, minúsculas cristalinas gotas d'água que refletiam os primeiros raios do sol que despontava. Elas tremeluziam ao sabor da aragem que vibrava as folhas e irradiavam tons de arco-íris juntando-se e escorrendo, até que - impadas - rolavam para despencar no vazio, caindo ao solo e explodindo em miríades de réplicas exatas e serem, finalmente,. engolidas pela sedenta terra,” pois se tivesse chovido ela não estaria sedenta!"
Para os olhos, meio inchados, do emérito levantador de copos, a visão e a reação não poderiam ser outras:
- Como é que é, amizade? Gota? Cara, a menor quantidade que eu conheço é garrafa e aposto que lá dentro é que não tem água mesmo! Nem uma gotinha só! Pô, irmão, parece que bebe!
Já falei e escreví demais e esse último parágrafo foi a gota que fez minha taça transbordar!
Soube, quando estudante, que num exame vestibular, o tema escolhido para a temível prova de Redação tinha sido "A gota".
Não tenho muita certeza do que teria acontecido, mas, provavelmente, muita gente só abriu o título!
Hoje, não sei porque me bateu essa lembrança e fiquei tentado a voltar àquela carteira escolar e encarar o desafio!
Diria (ou escreveria) assim:
Como tudo na vida, as coisas são vistas de maneira diferente, dependendo dos olhos de quem as vê e do seu estado de ânimo; se a gota é vista por um cronista/poeta a descrição seria parecida com esta:
"Gota é a lágrima que rola sobre uma nostálgica face e encerra em si um enorme sentimento, de alegria ou tristeza e, que - pela beleza infinita que contém, deveria ser envasada como raro perfume...ou como uisque 12 anos..."
Para um trabalhador braçal, sob sol inclemente, a gota seria analisada como a de suor salgado
que faz arder seus olhos e o faria exclamar, após afastá-la com o dedão: "Trabalho miserável!"
Já para um físico, nada mais é do que o agrupamento de partículas líquidas que aumentam de volume com o acréscimo de outras, até que sua massa adquira determinado peso que a faça deslizar para uma ponta e, aí, sempre aumentando de peso, assuma a forma tradicional de gota e, por ação da gravidade, se desprenda e caia no espaço,” porque subir só depois de virar fumaça."
O velho farmacêutico a veria como "dose de uma droga qualquer", definição esta que sempre me preocupou pela subjetividade que carrega - assim como a do vocábulo "pitada" que depende do tamanho do polegar e do indicador de quem a aplica.
Para um circunspecto químico "gota d'água seria uma molécula com a fórmula H2O, ou seja: dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio, podendo sua densidade ser medida pela fórmula D=m/V, onde m=massa e V=volume. Dependendo dos sais que a compõe , a água pode ser, entre outras, sulfatada, clorada, fluoretada, magnesiana e” a que passarinho não bebe"
Aos olhos de um inspirado escritor a humilde gota é elevada à potência "n" e sua imagem vai chegar a você, amigo leitor, como "...fazia frio e o gélido orvalho matinal depositara sobre a folhagem verde, minúsculas cristalinas gotas d'água que refletiam os primeiros raios do sol que despontava. Elas tremeluziam ao sabor da aragem que vibrava as folhas e irradiavam tons de arco-íris juntando-se e escorrendo, até que - impadas - rolavam para despencar no vazio, caindo ao solo e explodindo em miríades de réplicas exatas e serem, finalmente,. engolidas pela sedenta terra,” pois se tivesse chovido ela não estaria sedenta!"
Para os olhos, meio inchados, do emérito levantador de copos, a visão e a reação não poderiam ser outras:
- Como é que é, amizade? Gota? Cara, a menor quantidade que eu conheço é garrafa e aposto que lá dentro é que não tem água mesmo! Nem uma gotinha só! Pô, irmão, parece que bebe!
Já falei e escreví demais e esse último parágrafo foi a gota que fez minha taça transbordar!