O FANTASMA DA TIMIDEZ

Bem mais evidente durante a infância e a adolescência, o fantasma da timidez me acompanha desde sempre. Tanto assim que, de fato, ainda fico corada quando tenho que falar para uma plateia.

Não foi fácil encarar os diversos seminários no decorrer dos cursos que fiz, além das palestras ou eventos que participei, mesmo quando precisava dizer apenas algumas palavras (ainda hoje sinto aquele friozinho básico na barriga).

Mas, por incrível que pareça, à exceção dos quinze minutos iniciais da primeira aula de inglês que ministrei, sempre me senti à vontade em sala de aula quando exerci a docência. Eu era literalmente tomada por uma sensação especial de entusiasmo, desenvoltura e prazer que me fazia esquecer tudo, inclusive a timidez.

Comecei a lecionar muito cedo, mais precisamente aos 14 anos. Ensinei crianças, adolescentes e adultos; dei aulas de reforço escolar, datilografia, inglês e educação artística; ministrei cursos de aperfeiçoamento para professores da rede pública e privada. E, graças a Deus, a timidez nunca chegou a atrapalhar o meu desempenho no magistério ou em qualquer outra atividade exercida até agora, mas não deixa de incomodar.

Sinceramente, gostaria de ser mais extrovertida, menos comedida, mais audaciosa mesmo. Fico procurando as palavras para não magoar as pessoas e, muitas vezes, engulo calada situações e desabafos infelizes que me entristecem sobremaneira.

E não são raras as vezes em que deixo de dizer o que estou pensando e sentindo, de expor meu ponto de vista, falar das minhas insatisfações, desejos e sonhos tão reprimidos. É aí que a timidez tortura, sufoca, dificulta mais. Por isso, minha constante luta contra esse fantasma desagradável e antipático não tem sido fácil, mas até já contabilizo algumas vitórias.

Jandira Lucena
Enviado por Jandira Lucena em 21/09/2011
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