Vinha dar vida.

Era só uma conversa pela Internet, entre uma queda e outra da conexão, a webcam ligada, ríamos muito, descontraídos.
Assuntos banais.
Sem a menor cerimônia Fabiana começa a desabotoar a blusa vermelha. Um a um, foi deixando livre um seio médio, 
de aparência viçosa, auréola rosada, grande,
emoldurando um bico saliente, entumecido. 
Era um seio natural, formoso, sem o carimbo das modelos, 
sem química. Só natureza e vida.
Com desenvoltura se ajeitou na cadeira. Por um momento, ambos ficamos estarrecidos pela surpresa. Correu um frio na espinha, um vazio na barriga, uma sensação de medo e fuga. 
Um suspense silencioso. 
Ato continuo, ela segura suavemente a cabeça de Verena, 
puxa com carinho e coloca naquela boquinha de meses 
aquele seio com pouco mais de 20 anos.
Alguns minutos. Uma eternidade. Minha cabeça rodava, 
não sabia o que fazer. Pensamentos me conduziam a cena 
épica do filme Vinhas da Ira, onde uma jovem mãe amamenta um velho morimbundo esfomeado. A cena gerou muita controvérsia,
ela simbolizava a mãe América alimentando seus desvalídos filhos, segundo algumas versões.
Fabiana continuava também parada, surpresa, estarrecida. 
Não demonstrava vergonha, constrangimentos. Verena, com a mãozinha menor que a auréola do seio,
apertava aquela fonte de vida, e sugava. Eu via a vida. 
Via a fêmea na plenitude. Intangível.
Satisfeita, dormiu. Fabiana retira lentamente 
o seio e vejo pelo canto daquela boquinha angelical duas gotas de leite escorrer. Meu rosto esquenta, a emoção me faz vibrar.
Meu rosto enrugado, também sente escorrer dos meus olhos duas gotas. 
Graças à vida. 
Eu vivo a emoção de viver.

Augusto Servano Rodrigues
Enviado por Augusto Servano Rodrigues em 19/12/2006
Reeditado em 27/08/2007
Código do texto: T322155
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