Teatrando I
Sete de setembro, feriado, comemorações, festividades, e eu não participei de nada. Doze horas trabalhando nada vi do que acontecera lá fora.
À saida, cansada, não tinha vontade de ir para casa, embora me sentisse impulsionada a fazê-lo. Fui caminhando sem saber exatamente o que faria, me deixando levar. Ao invés de ir para o metrô caminhei pela Paulista (adoro caminhar na Paulista) em direção à Consolação, conversando comigo mesma.
Minha mente queria ir ao teatro, meu corpo queria ir para casa.
Passando por duas estações de metro, meu corpo queria entrar. A mente venceu.
Cheguei ao teatro faltando uns vinte minutos para o início da peça. Comprei meu ingresso. Já conhecia aquele lugar e reparei no ambiente vendo algumas modificações. Uma placa indicava: Conheça nosso bar, com a seta indicando para o andar de baixo. Olhei pela escada, achei meio vazio, não me interesei por descer.
Sentei-me e procurei na bolsa a minha revista Seleções, minha sempre companheira, tentei ler algo, não consegui.
Nesse interim, já quase horário do início e a recepcionista veio retirar o canhoto dos ingresso das pessoas ali presente.
Imediatamente me lembro que devira ter ido ao Bar. Desço as escadas... lá dentro, um amplo espaço, um balcão bem ao fundo ambiente escuro, algumas mesas com as cadeiras emborcadas sobre elas. Ninguem lá dentro.
Volto subo as escadas e pergunto para a recepcionista sobre o bar.
- Voce quer tomar uma lanche ?
- Não, preciso tomar um café; passei a noite sem dormir.
Ela me aponta um rapaz que está debruçado sobre a bilheteria.
- Ele é que é responsábel pelo bar, pergunte a ele.
Questionado, o rapaz me diz sem o menor interesse:
- O bar já está fechado. Além do mais não temos café.
Pensei com meus botões, - nem parece que está interessado em vender... alé do mais, como pode um bar não ter café?!
Fui para a fila que já estava se formando à entrada na sala onde seria representada a peça.
Preocupadíssima. Como não me lembrara antes do salvador cafezinho?!
Dois dias quase sem dormir, dois dias de trabalho de doze horas.
E se dormisse durante a peça?! Que vexame! Meu Deus que tortura. Teria que dar um jeito, não sei qual, mas não poderia dormir em hipótese alguma.
Tenho todo respeito e consideração pelo atores, e não poderia fazer isso de modo algum.
Entrei, minutos depois as luzes foram se apagando, minha preocupação aumentando, luzes apagadas, o palco se ilumina. Atenção e expectativa.
Mal sabia eu o que me esperava.
(continuo em Teatrando II, logo publico)