ENQUANTO SE DECIDIA ENTRE UMA  XÍCARA DE CHÁ OU DE CAFÉ...
 


Acordou e teve dificuldade em levantar. Imaginou-se velha.  Retrocedeu no tempo e  avaliou  o quanto  de tropeços na sua vida longa e solitária... Suspirou desencantada. Sentiu que era chegada a hora de ajustar as contas consigo mesma,  uma vez que não havia  por perto ninguém a quem cobranças fossem feitas. Foi para diante do espelho. Olhos fixos na imagem refletida. Não se reconheceu. Afastou-se lentamente, arrastando as sandálias casa adentro até alcançar a cozinha. Pôs água a ferver e esperou pacientemente  essa fervura, enquanto se decidia entre  uma xícara de chá ou de café . Essa indecisão a fez refletir o quanto de insegura ela era. Nunca fora capaz de tomar nenhuma decisão e o que viu foi a sua vida escapar entre os dedos . Assim se foi o marido; os filhos, que sempre quis e nunca teve; os amigos ...

A água ferveu e optou pelo café. E enquanto mexia  o açúcar no fundo da xícara  veio à mente   uma frase que lera dias atrás e que dizia: “É uma pena que só levamos a sério as lições da vida quando ela já não nos servem mais”.  Lembrou-se da necessidade de dar o devido crédito ao autor da frase, mas quem era...? Andava tão esquecida ultimamente...

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 08/09/2011
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