Vicio - Capitulo 1
Já se passavam das onze horas da noite...
O sol já havia deixado de brilhar a muito tempo, agora dava espaço para as nuvens que vinham com fortes rajadas de vento.
A infinita escuridão do céu preenchia a minha vista. Armava-se uma forte tempestade, os ventos estavam mais fortes a cada minuto, e os raios iluminavam o interior das nuvens e os trovões gritavam com força, cada vez mais alto.
Tália estava deitada sob o chão sujo e duro. Sangue escorria de seu pescoço e seguia as pequenas valetas que separavam as madeiras do piso, formando uma imensa trilha.
Seu rosto tapado pelos negros fios de cabelo mostravam agonia e dor.
Prazer em meus olhos ao vê-la chorar e música para meus ouvidos ao som de seus gritos...
Meu ego estava preenchido e meu ódio estava maior, minha sede era insaciável e minha ira contagiante.
Contava cada passo que eu dava pelas calçadas de Londres, mera distração.
Aos poucos fui me aproximando de minha casa, os gritos permaneciam ecoando em minha cabeça, e eu sorria ao ouvi-los, um por um, recordando com risos espontâneos.
Subi calmamente os degraus de minha residência e por eles encontrei-me com Sthephany, a vizinha do 19º andar pela qual eu tinha uma indescritível e secreta paixão.
Peguei a chave em mãos, selecionei a correta e girei a maçaneta.
Logo em minha frente estava Leila, o meu primeiro amor, neste ano. Já sem vida pelas cordas que pressionavam seu pescoço e sem expressão pela mascara que cobria o seu rosto.
Estava bem conservada, ainda... O cheiro de formol não me irritava, já estava a tanto tempo acostumado com o forte cheiro que inalava, que ele fazia parte até mesmo do cheiro de minhas roupas.
Leila não ficava mais bonita sem a máscara, os cortes ainda eram visíveis a longa distância, mas mesmo assim, só sua presença e o fato de ela poder me ver todos os dias me deixava alegre.
Beijei-a em seus lábios cor de mel, mesmo com o frio que lá fora fazia, ela ainda era a única capaz de me aquecer...
Um forte chuva caia do alto das nuvens que eu observava de meu prédio. As gotas que batiam no parapeito da janela, respingavam no vidro e juntas em uma sinfonia produziam um agradável som que para mim agia como terapia.
Abri minha mala, recordando de minha vida, ao longo de meus 36 anos já havia visto muito coisa, já havia adquirido muito coisa, muito conhecimento... Meu vício era recente, não era e nunca foi meu plano me tornar isso.
Peguei a faca no cabo e olhei para o sangue que já estava seco, e observando uma gota lentamente deslizar sobre a lisa superfície do vidro disse:
- Não sei no que eu me tornei, apenas sei que eu gosto...
(Próximo - Capitulo 2 - de ( 18/09 à 24/09) Aguardem )
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Abração!