TRANSPORTE DIABÒLICO.

Dizem que o Diabo é um espírito maligno que permeia entre Deus e os homens, causando desgraças das mais variadas, segundo o imaginário popular. O coisa ruim ganhou projeção na humanidade deste que tentou Jesus no deserto, durante 40 dias. O Diabo ganhou espaço nos livros, teatros e cinemas. Um personagem invisível batendo recorde de bilheterias no mundo inteiro. O primeiro filme sobre demonologia foi produzido por um francês, intitulado “O Solar do Diabo”. Um dos filmes de maior bilheteria foi exibido em Belo Horizonte, “O Exorcista”. Na estreia um espectador borrou às calças.

Fiz esses preâmbulo para narrar uma passagem do Bute. Um personagem que meus avós e meus pais contavam com exacerbada evidência, chegando até a citar nomes de pessoas envolvidas na terrível fatalidade. Contavam que um sitiante em seus momentos de enfurecido chamava o coisa ruim: “Ô capeta!. “Ô rabudo!”.

Foi então um dia que o capeta chegou e entrou no corpo de uma de suas filhas. A moça berrava como um novilho sendo castrado de macete. Seus olhos, como brasa, o rosto deformado, um odor insuportável. Rezadores, pais de santo foram chamados, mas ninguém conseguia expulsar aquele espírito das trevas. Mandaram celebrar missa e às imagens caiam espatifadas pelo chão. Meus avós e meus pais contavam que um padre santo conseguiu tirar o demônio do corpo fragilizado da pobre moça, mas o rabudo ficou por ali infernizando a vida das pessoas e animais. Jogando todo tipo de porcarias nas comidas. De maneira tal que a casa do sitiante transformou-se, literalmente num inferno.

A solução foi mudar. Colocaram a mudança num carro de boi e viajaram várias semanas. Muito longe dali instalaram-se em nova casa. Quando todos acreditavam livres daquele mensageiro do ínfero, ouviram um grande estrondo na cozinha de terra batida. Era o diabo jogando um enorme e pesado pilão e reclamando: “O mais pesado deixaram para mim”.!

Depois disso não tiveram mais notícias dessa família, pois também mudaram para outro longínquo rincão mineiro.

Lair Estanislau Alves. Setembro 2011-08-31

Sô Lalá
Enviado por Sô Lalá em 04/09/2011
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