"Acrosticomaníaco"
É característica do nosso recanto e, também, das letras, a facilitação do prazer de conhecer pessoas sensíveis, inteligentes e que em alguns casos tornam-se amigos virtuais e passam a fazer parte de nossos contactos “internéticos”.
Nessas correspondências, entre outros, o assunto é o nosso recanto e normalmente a indicação de autor, compositor ou intérprete pelo qual ficamos muito bem impressionados. Mas, esporadicamente, faz-se comentário sobre, não sei se assim poderíamos chamar, “idiossincrasias autorais”.
Não faz semana, recebi correio de um desses amigos, que me informava: “percebi certo autor que, ao comentar acrósticos de outros autores, o faz com a utilização, também, de acrósticos”.
Imediatamente, percebi a oportunidade de escrever sobre e respondi-lhe perguntando se queria fazê-lo. Acrescentei que se não quisesse, ficaria grato se identificasse, copiasse e me enviasse esses comentários.
Meus “botões cochicharam que não iria perder a oportunidade, principalmente, depois de ter-lhe atribuído o pesado do trabalho, que era o de levantar os testemunhos da “idiossincrasia autoral”.
Para minha surpresa recebi seu correio enumerando suas observações. Então, fiquei com a fácil tarefa de transformá-las em crônica.
O “acrosticomaníaco” geralmente comenta com acrósticos suas leituras, utilizando o primeiro nome do autor, excepcionalmente utiliza um adjetivo, como foi o caso para registrar que achara lindo:
“L-ouvado acróstico, I-rradiador de tristeza ou alegria. N-exo de rosas e oliveiras. D-ádiva generosa da poesia. O-limpo, onde dançam as letras”.
“Lindo, muito lindo, parabéns”.
Em outro comentário, torna-se íntimo do autor, acredito pelo seu nome ser extenso e, sem cerimônias o reduziu para Gil, como são chamados pelos familiares e amigos. Nesse caso, suponho que autor tenha feito acróstico para o neto:
“G-ostei por ser sobre broto, promessa de flor.I-rradia o belo se poeta, ou artista for. L-indo teu acróstico do mais puro amor”.
Para não deixar dúvidas sobre sua “idiossincrasia autoral”, “acrósticomania”, neste caso, como a autora tinha nome composto fez os dois seguintes comentários:
“S-ejas louvada tu, avó. I-nsigne laço de ternura. L-eito, teu colo, não deixa só, V-ela o neto com candura. I-nventas contos para ninar. A-cróstico fazes para a vida celebrar”; e “R-endo homenagens a ti, E-scritora, poetisa e mulher.G-rato a tuas letras, sou daqui. I-nventas o belo, apreciará quem quiser e souber.N-egas o feio com o sorrir,
A-crósticos fazes, para o que der e vier”.
Parabéns pelos teus acrósticos e obrigado por divulgar o amor e a cumplicidade materna. Alimenta almas...”
Outra vez utiliza o primeiro nome do autor:
“D-iversos são teus temas, J-usta e eclética tua rima, A-crósticos jorram de tua pena, L-assidão some com tua poesia, M-uita beleza, que em canto encanta, A-plausos e bons anseios para quem nos valoriza”.
Outro comentário em acróstico à autora torcedora do tricolor das laranjeiras, ou seja do tricolor carioca, do Nense.
Autora que, certamente, fez homenagem em acróstico para celebrar alguém, ou alguma data, ou outra coisa relacionada ao verde da esperança, ao vinho do amor e ao branco da paz. E, não precisa ser nenhum especialista em investigações, para concluir que o comentário foi feito de tricolor para tricolor:
“D-elícia de acróstico. A-mante se não és do Flu, deverias ser. N-a tua lira, um preciso diagnóstico. U-m profissional que joga gostoso de se ver. S-alve o Nense grita até adversário agnóstico.A-ssino e declaro: visitar-te foi um prazer”.
Esse outro foi dirigido à poetisa , que acabara de ingressar no nosso recanto:
“R-egala a quem lê, tua poesia. O- amor nela expresso, S-uplanta o viver de uma vida. I-mortal amor, amor eterno”.
Seja muito bem-vinda e parabéns.
Para finalizar, o “acrosticomaníaco” escolheu o sobrenome do autor:
“P-assei não por acaso. E-speranças trouxeram-me à receita-poesia. L-oas por um bom ocaso. T-entarei verso por verso desta tua lira. I-ntegro já tua receita ao meu cardápio, E-m favor de um velhinho "só simpatia". R-egistro-me grato, como se a receita fosse de um insigne esculápio.”
Salve a “acrosticomania”. Vida longa aos “acrosticomaníacos”. Vivas às “idiossincrasias autorais”...