Não gosto só de aniversários. Gosto da vida!
Hoje é meu aniversário. Nem preciso dizer o quanto gosto de aniversários porque já escrevi sobre isso. Hoje completo 24 anos. Ao longo desses anos tive dias de lutas e dias de glórias. E estou aprendendo a duras penas a não mais revirar o passado, a não ficar pensando em tudo que aconteceu e no que não aconteceu, pois se assim o fizer terei mil passados e nenhum futuro.
Mesclado com o barulho da chuva escuto Lenine me dizer que a vida é tão rara. Rara demais para se viver no passado ou com o pé no futuro, afinal, “vive só no presente” (Pessoa). A vida passa tão rápida e na maioria das vezes nem a vemos passar. Parei para olhar velhas fotos com minha mãe e percebi o quanto o tempo voa e como a gente não aproveita para voar com ele. Costumeiramente meus aniversários eram cercados de “ses” e de “eu deveria”, mas não esse. Todas essas cobranças “contribuem para nos sentirmos culpados em relação ao passado e impedem-nos de marcar presença neste momento”. Mas pior que nossas culpas são as nossas preocupações. Elas enchem-nos a vida de “o que será se”. E estes muitos “ses” ocupam nossa mente de uma maneira tal que ficamos cegos para contemplar a beleza da vida.
Hoje não quero nenhuma e nem outra como companhia. Quero curtir cada segundo, cada minuto e hora desse dia que lembra minha vinda e permanência no mundo. Quero fazer como recomenda Henri Nouwen e celebrar o tempo presente. Olho para o passado apenas como um velho amigo que me ajudou a chegar exatamente onde estou.
Hoje a vida sussurra em meus ouvidos carpe diem. “Colha o dia como se fosse um fruto maduro que amanhã estará podre. A vida não pode ser economizada para amanhã. Acontece sempre no presente” (Rubem Alves). Desfruto assim de cada ligação, sms, mensagens deixadas nas redes sociais e colho o carinho que nutrem por mim.
Já passou mais de meio dia, mas não me permito entristecer pela chuva, pela solidão da casa, pela rotina que a velhice traz consigo. Tenho ainda a outra metade e irei desfrutá-la até seu final. Ouço as palavras de Quintana, um de meus poetas favoritos, que dizia que “existe apenas uma idade para sermos felizes, apenas uma época da vida de cada pessoa em que é possível sonhar, fazer planos e ter energia suficiente para os realizar apesar de todas as dificuldades e todos os obstáculos”. Não quero deixar passar essa idade que “chama-se presente e tem a duração do instante que passa..”
Chego aos meus 24 anos contente pelos amigos que conquistei, pelas regras que quebrei, pelos leões que matei. Ainda mais contente por estar com a pessoa que gosto. Contente por estar vivo. Estou contente porque no final das contas, aniversário nada tem haver com quantas pessoas se lembraram. Com quantos presentes se ganhou, com expectativas atendidas, mas sim com o ter nascido e estar vivo.
Posso escolher estragar meu dia ficando triste pela chuva que caí. Por estar sozinho em casa, porque estou ficando velho e caindo na rotina da vida adulta. Por não estar com algumas pessoas com quem eu gostaria de estar neste dia. Enfim, muitos são os motivos que podem me entristecer. No entanto, escolho o olhar para a vida me sorrindo e sorrir de volta, porque aniversário não tem haver com outra coisa se não com viver. E eu particularmente adoro viver. Feliz Aniversário para mim...