MSN - REDES SOCIAIS – Juro que eu queria achar graça...

Por Carlos Sena.



Juro que eu queria achar graça no Orkut.
Juro que eu queria me empolgar com os encontros e bate-papos do MSN.
Juro que eu queria digerir melhor o invasivo do Facebook. Mas pelo fato de eu jurar que gostaria não me dá ao direito de achar que os que gostam dessas redes não tenham lá seus motivos. Em todo caso eu só posso falar por mim e, desta maneira ousar em dizer pra muitos deles: quero ver vocês construírem afeto virtual; quero ver se o beijo que vocês se dão pela rede tem aquele calor que só ao vivo acontece.
Quero ver se os encontros que vocês marcam com as meninas são eivados de excitação como aqueles que a gente marca com quem paqueramos, por exemplo, no parque ou na faculdade – esses encontros da NET são cheios de mistérios e de medos e de mentiras acerca de tudo, inclusive do “tamanho” das intimidades, da beleza e da fealdade.
Quero ver se meus amigos que assinam ponto todo dia no MSN diminuem a solidão que por ventura venham a sentir – solidão de colo, de cafuné, de beijo na boca, da cumplicidade no dia a dia, de um café na cama, de uma briga básica por ciúme. Que esses mesmos amigos não venham me dizer que os seus parceiros/as confiam neles demais e que se “casando” com o MSN não implica traição – deixar de se relacionar com um amor ao vivo pra ficar horas teclando com desconhecidos, “passe amanhã”. Tudo bem que só existe gente besta por conta dos sabidos, mas advirto-os, prezados amigos, um dia a “casa cai” e a “araruta vira mingau”...
Então eu quero ver as lamentações que vocês farão à máquina. Vão ligar o computador e ficar horas falando do desespero que o abandono daquela pessoa que vocês julgavam que não mais amavam lhes proporcionou?! Então eu quero ver se esses amigos vão topar curar tua fossa, tua lamentação. Podem até ir, pois o que não foi construído na emoção, no contato, no olho no olho, certamente se automatizará nesse acolhimento virtualizado e que em nada te aliviarão.
Quero ver, por conseqüência, os movimentos interiores de vocês irem aos poucos se reduzindo, pois os encontros marcados não são mais na praça do bairro, nem na esquina da rua que moram, nem no barzinho como antigamente. Vocês (há exceções) se encontram nas salas de bate pago e, feito sapos, batem, literalmente os “papos”, pois se instala por osmose a timidez que impede dar bom dia, desejar feliz aniversário ao vivo, ligar pelo celular ou fone convencional para “jogar conversa fora”. As mensagens de texto são mais linkados com as redes sociais...
Quero ver, ainda, se fazendo sexo via CAM vocês não sentem falta do fungado no cangote e outros pequenos detalhes que fazem a grande diferença...

(A gente conhece uma pessoa ao vivo, namora, jura que a conhece e ainda se engana, quando mais...)  


Juro que queria achar graça de, em chegando em casa, ligar o computador e ficar pendurado no MSN. O que me conforta é que eu adoro mesmo conversar com meus amigos aqui em casa tomando um bom vinho, contando lorotas de todos os tipos. A gente bota a fofoca em dia, alimenta o humor e recheia a alma pelo calor humano. Conforta-me também saber que continuo plugado nos meus amigos e na minha família. Sempre cumprimento todos no dia dos seus aniversários ao vivo e em cores. No mínimo por telefone, quando não dá pra gente se vê. Juro que queria achar graça nessas redes. Graça mesmo acho na rede da minha varanda onde eu viajo nas minhas teias de afeto e, sempre que posso beijo na boca do meu amor sem fronteiras. Sem querer (efetivamente não sou nem somos) ser melhor do que meus amigos ratifico que sou feliz do meu jeito. Pela esperança de que eu tenha me equivocado nessa “leitura” acerca dos que, patologicamente ou não, vivem pendurado no MSN, ORKUT, FACEBOOK e alhures, convido-os a se experimentarem no modo tradicional de comunicação, talvez num mix entre as duas propostas... Sou daqueles para quem conselho bom se dá.