BOLO DA FELICIDADE – uma receita.

Por Carlos Sena


Todos querem ser felizes. Esta parece ser a regra de quem está vivo e nem poderia ser diferente. É que a felicidade é algo tão complexo que se torna simples ao mesmo tempo. Complexo na medida em que todo tem um projeto de vida bem geral e nesse inserimos a nossa felicidade. Simples porque na complexidade do geral fica difícil descobrir as particularidades que nos poderão fazer felizes. A despeito de parecer meio trocadilho, uma frase se ouve muito, inclusive porque foi imortalizada numa canção de Odair José: “FELICIDADE NÃO EXISTE O QUE EXITE SÃO MOMENTOS FELIZES”. Há controvérsias. A felicidade como produto social não se insere nesse contexto. Dito diferente: a felicidade no contexto social seria como que “uma orquestra sinfônica em que todos se miram no maestro, mas o sentimento de cada melodia acontece de forma diferente em cada musica – a orquestra é a vida e a felicidade é a forma em que cada nota, cada acorde, cada arranjo são sentidos pelos músicos”.
Talvez a lógica dos “momentos felizes” (não uma teoria) seja mais fácil de ser assimilada no contexto da vida prática. Contudo fica difícil entender, por exemplo, que alguém tendo tido na vida poucos momentos felizes na forma objetiva de fatos, seja infeliz. Para muitos, ser feliz é ter um grande amor na vida; para outros um bom emprego. Como nada na vida é eterno, estaria então instalada uma vida infeliz? Não creio. Por isto entendo que a grande dificuldade de se encontrar essa tal de felicidade é não encontrá-la. Um pouco da lógica do poeta quando nos diz que não precisamos sair por aí correndo atrás das borboletas, basta que cuidemos bem dos nossos jardins (Mário Quintana num dos seus poemas). O problema é que muitos nem têm jardins, mas querem que as mais belas borboletas do mundo desfilem em sua volta; é que muitos nem sabem escutar uma bela orquestra – passam boa parte do tempo ouvindo haps da vida, “garotas safadas da vida”, “Calypsos da vida”, “calcinhas pretas da vida”...
Ser feliz não é fazer um bolo com receita de Ana Maria Braga. Ser feliz é uma receita que eu não posso passar porque a minha não serve pra você, nem a sua pra mim. A capacidade que temos que ter pra fazer da nossa vida um delicioso “bolo”, requer sabedoria adquirida pelo livre exercício de manter um bom coração pronto pra amar e perdoar sempre. Uma grande pitada de Deus e uma permanente dose de sentimento do mundo com coberturas de amor levam qualquer um a ser feliz sempre. Para mais incremento desse “bolo”, recheios de carinho podem levar aos céus.