APELIDOS QUE SOBREVIVEM À MORTE

Na adolescência, quis duas coisas que me deixavam com uma certa inveja das amigas "privilegiadas" que as tinham. Achava lindo roer as unhas! Eu precisava sentir aquela sensação de prazer que via no rosto das minhas colegas! Tentei, juro que tentei, mas só senti um arrepio medonho na boca e desisti. Bendito arrepio que me livrou de ter, hoje, a ponta dos dedos semelhantes a uma ervilha!

Meu outro desejo era mais saudável mas, mesmo assim, não consegui realizá-lo. Eu queria ter um apelido! Achava o máximo a Elizabete ser Beti, o Francisco ser Chico, o Roberto ser Beto... Mas, de que jeito "Maria" inspiraria um apelido? Cheguei, eu mesma, tentar achar algumas denominações, mas quem diz que encontrei! Nada parecia combinar comigo!

Naqueles tempos, ter apelido era moda. Alguns, nem tão bonitos, enfureciam os apelidados que, quanto mais reagiam, mais o apelido pegava. "Bola Sete" para as gordinhas, "Pingo" para os baixinhos, "Balaio" para as popozudas, "Ferrugem" para os sardentos.

Certos apelidos sobreviveram ao tempo de tal forma que, ainda hoje, nos convites para enterro, se constar só o nome ninguém identifica o falecido. O apelido tem que constar junto. Alcunhas que acompanharam o vivente pela vida afora e o acompanham até sua última e derradeira morada.

Quanto a mim, continuei a Maria e pronto! Maria, simplesmente...

Giustina
Enviado por Giustina em 17/08/2011
Reeditado em 31/07/2014
Código do texto: T3165986
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.