Jazz,Cigarro e Picasso
Sentado no sofá do banheiro vejo uma réplica de Picasso na parede. A cabeça roda e começa a viajar, volto meus olhos diante das imagens ao meu redor, levanto tonto e volto para a sala, ligo o vitrola e escuto um som genuinamente clássico. O som do saxofone embala minha cabeça e a sensação que eu tenho é que faço parte daquela musica. Aqui “jazz” eu, dentro de um som, mais ainda, com a imagem de Picasso na cabeça. Por que uma réplica no banheiro me deixaria tão perplexo diante de uma musica? O sol pega só um trecho no taco laminado e ao mesmo tempo faz sombra a um gato que dorme em cima de uma caixa. Logo acendo um cigarro e aí a viajem vai mais longe, por que entra em cena a fumaça e seu percurso diante de meus olhos; agora é fumaça, jazz, Picasso tudo em minha mente. Já consigo saber o porque de minha perplexidade diante do quadro. Quem colocaria uma réplica de Picasso na parede do banheiro? O que diria de um sofá? Não sei exatamente quem, mas posso imaginar uma pessoa que se apega a todos os detalhes enquanto não pensa em nada; pensar em nada é justamente isso, prestar atenção naquilo que você não presta atenção.
Pare e relaxe, acenda um cigarro e coloque um jazz na vitrola; compre uma réplica de Picasso e sente-se numa cadeira de praia dentro de sua casa, A arte e a musica são para todos; não se tem classe social e nem jeito certo de apreciar, aprecie onde e como quiser.