O valor de um abraço



Ele começou se identificando, dizendo o nome e que fora meu aluno, perguntando se eu me lembrava dele. Sim, eu me lembrava de um aluno com o nome dele, mas seria impossível reconhecer na voz do homem a voz do menino. E então ele me disse o quanto eu fora importante na vida dele, o quanto ainda pensava em mim.

Já haviam me dito que ele me procurara, lá na minha Fábrica de Pães. Imaginei que fosse um ex-aluno retornando para sua cidade e buscando suas raízes. Não pude comprovar, mas não pareceu que fosse. Tem um emprego em um lugar até perto de mim e trabalha com produção de mel. Fico triste pensando que já passou por mim e não o reconheci. Fico curiosa em saber a razão de só agora ter me procurado.

Foi então que ele falou, com palavras que nesse momento se embaralham em minha memória. Vou tentar reproduzir, pelo menos garantindo a essência do que foi dito: Estava conversando com minha esposa e disse a ela que, quando criança, em minhas lembranças, a senhora foi a única pessoa que me abraçou. Fui abandonado por minha mãe aos dois anos de idade e um dia, quando tirei uma nota muito boa em matemática, a senhora me abraçou me dando os parabéns e dizendo o quanto eu era inteligente. Por isso eu sempre abraço meus filhos mostrando o quanto são importantes para mim.

Ainda conversamos trivialidades, prometendo nos encontrar, ele me trazendo um presente que sempre quis me dar – um livro. E mel de sua produção. E eu prometendo um novo abraço. Só que agora quem precisa deste abraço sou eu.