Aparências

Vivemos em um mundo de aparências.

É triste, mas, é a mais pura verdade.

Esquecemo-nos de nossas origens, de nosso nome.

Esquecemo-nos de nós mesmos.

Com a intenção de causarmos grande impressão, criamos personagens fictícios, que, por mais que nos esforcemos, nunca o seremos.

O problema é que, só quando estamos a sós, na solidão da nossa casa, do nosso quarto é que caímos em si, sentimo-nos deprimidos, solitários, arrependidos, pois, sabemos da farsa em que vivemos, da farsa a qual montamos, pensamos, então, em desistir.

Decidimos que, no próximo dia agiremos diferente, seremos nós mesmos, não atuaremos mais, nunca mais.

Nesta solidão, decidimos que a luz do sol é somente a luz do sol e não mais holofotes de uma peça sem sentido, que escrevemos e atuamos incansavelmente.

Rasgamos o roteiro.

Despimo-nos do personagem.

Choramos.

No nosso quarto escuro, em um momento único em que estamos, sem platéia, sentimo-nos bem, felizes, seguros.

E prometemos nunca mais representar.

Mas a manhã chega, o sol nasce, e, com ele, sua luz, única, forte, revigorante.

O palco, novamente esta iluminado.

Então... Então... O show não pode parar né?

Marc Souz
Enviado por Marc Souz em 11/08/2011
Código do texto: T3154139
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