De guarda de trânsito a sexo anal
Cordiais e desocupados leitores, hoje amanheci sem assunto, portanto vou contar meu dia de ontem. Saí de casa para comprar peixe no mercado, aproveitei para ir à biblioteca ler o jornal do Governo (acho que sou o único a fazê-lo, além do revisor). Quando saí, assinei o livro. Eu fui o 11º leitor a utilizar a biblioteca, sendo que o relógio marcava 12:15h. Apenas 10 pessoas além do blogueiro que vos fala compareceram à imensa e desorganizada biblioteca estadual, na Rua General Osório. Mas tem o lado positivo das coisas. A biblioteca vazia é ótima para ler, pesquisar e, eventualmente, olhar a mulher com altos níveis hormonais passando na calçada.
Descendo a rua Peregrino de Carvalho, eis que me aparece o mote de minha crônica de hoje. O guarda de trânsito! Mas não é um guarda qualquer. Usa apito como antigamente. É um guarda absolutamente necessário, apesar de controlar o trânsito em local menos movimentado da capital das acácias. Ele fica na confluência da rua da Areia com a Peregrino de Carvalho. Parei para observar o trabalho do militar durante uns seis minutos, período em que apenas uns quatro ou cinco automóveis subiram a rua da Areia e uma carroça de burro desceu a Peregrino de Carvalho em direção ao Teatro Santa Roza. O guarda J. Ferreira (li no seu bolso) falou com todo mundo, incluindo motoristas e condutor da carroça, cumprimentou pedestres e até parou um carro para lamentar a derrota do Vascão. O homem é um primor de gentileza.
Como dizem os antigos, “cada um é como é, e assim deve ser”. Sem querer agredir fragilidades fardadas, aquele guarda nasceu para ser amável e gentil, não para vestir uniforme de soldado. Mas o J. Ferreira, no seu modesto trabalho, é um modelo para campanha de humanização do trânsito. Quando você é gentil, os outros notam e tomam como exemplo a sua atitude.
O que se faz com prazer, sai com excelência. O guarda J. Ferreira não organiza trânsito algum, que quase não existe na área, mas controla a disposição de espírito dos motoristas e pedestres. Deveria ter um decreto proibindo guardas de trânsito chatos, que tornam mais aborrecido o humor de quem vive nesse trânsito maluco. O autor norte-americano Chuck Palahniuk escreveu:
“Tudo o que Deus faz é observar-nos e matar-nos quando nos tornamos aborrecidos. Nós não devemos nunca, mas nunca mesmo, ser aborrecidos.”
Um guarda que combate o tédio com seu jeito alegre e jovial evita a ira de Deus, o aumento do colesterol e o estresse, no mínimo.
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Hoje sendo dia do advogado, valho-me de uma anedota para marcar a data. Advogado amigo meu tomou conta de uma ação de divórcio. Na audiência, o advogado avisou ao marido: “Você deve à minha cliente um crédito de compensação por todos os momentos íntimos que tiveram juntos. E fique sabendo que estamos sendo benevolentes ao não incluir o sexo anal que, como sabe, não fazia parte do acordo inicial”.
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