PRA QUEM EU ESCREVO?
631843.jpg

                                                     Por Carlos Sena


Às vezes fico pensando: “pra quem eu escrevo”? E nesse pensar relembro uma frase famosa de um escritor americano Ernest Hemingway que deu título a um dos seus livros: “por quem os sinos dobram”? Por quem os sinos dobram eu até imagino, mas o que eu tenho mesmo é certeza de “para quem eu escrevo”. Eu escrevo para quem crer em Deus e, crendo NELE sabe que a simplicidade é o princípio do DIVINO. Eu escrevo para os que não perdem a esperança e continuam acreditando no ser humano, mesmo diante de tanta violência física e moral que somos vitimas quer estejamos no palco ou na platéia. Eu escrevo para os que gostam de ler sobre o cotidiano, sobre a vida como ela é. Escrevo, acima de tudo, para aqueles que sabem que nem sempre se deve dizer tudo por parábolas. Estas como fizeram Cristo, tinham outro contexto do humano, pois a civilização do amor com Ele se iniciava em detrimento da então civilização do OLHO POR OLHO E DENTE POR DENTE. Naquela época, não se poderia falar de amor, senão em parábolas, posto que “dente por dente” era a forma de vida tida como regra. A lei do amor que Jesus morreu por ela, fincou-se no PERDÃO – “Perdoai setenta vezes sete”...  Por isto escrevo para os simples. Por isto escrevo para aqueles que, além de simples são igualmente escritores e que, sendo escritores procuram nas palavras uma fonte de libertação e de liberação interior. Escrevo para os menos versados em internet. Para aqueles que gostam de ler e entender na medida em que lêem, sem que por isto eu tenha nada contra os que escrevem sofisticado... Afinal, a ponte com o leitor é o fundamento da leitura e esta, no meu entender, deve ser pura, cristalina, transparente. Deste modo, melhor dizer “eu te amo” do que passar a vida inteira querendo dar provas disto sem conseguir, deixando de ser direto com o ser amado num simples sibilar “EU TE AMO”... Evidente que provas de amor se dão todos os dias, mas só a palavra faz o coro desse sentimento com toda entonação e galhardia merecidos. É pra quem pensa assim que escrevo. Escrevo pra mim. Às vezes estou com saudades e escrevo pra ela. Ela não me responde e então eu faço um poema à solidão. Ela não me responde, então eu escrevo uma ode ao desespero. Ele não me acode, então eu faço uma crônica pra meu superego. Ele nem se toca (nem me toca), então eu canto uma canção de Roberto e me encontro comigo. Pego na minha mão, vou ao cinema, tomo um café com bolo de milho no shopping. Lá eu paquero, me vejo no reluzir das vitrines. Acho-me mais magro e às vezes mais velho. Sorrio por nada. Vocês já sorriram por nada? Sorrir por nada é quando a gente ri sem saber de quê e vê que os passantes ficam pensando que somos doidos. Por isto eu escrevo pra mim.

Neste tear de ilusões que as letras me facultam, dou vida aos sentimentos como se gente eles fossem. Inverto os papéis, pois sabemos que sentimentos vêm das pessoas, mas aos poetas não é permitida a intromissão? Isto mesmo. Escrevo pra os intrometidos como eu, mas que, igualmente são felizes e sabem que a felicidade está contida nas pequenas coisas que nos cercam e que, têm certeza que dinheiro é bom, mas o melhor é olhar pra ele debochadamente.

Por quem os sinos dobram? Vou reler esse livro pra responder com mais fidelidade. Contudo, PRA QUEM EU ESCREVO (?) eu não preciso mais me preocupar. Eu escrevo pro vento, se você estiver por lá. Eu escrevo para o mar, se você estiver por lá. Eu escrevo para o amor se você estiver por lá... Escrevo pro além mar de Itamaracá...