Um Ano Depois

Hoje se completam 365 dias que estou aqui em Uberaba. Não gosto de admitir, mas passou rápido, mesmo com toda a dificuldade de adaptação, ainda que a falta que senti (e sinto) da valorosa companheira, dos amigos, parentes, em fim da convivência entre os meus pares tenha sido torturante nesse período, devo admitir que esse um ano passou como um raio. Mas a celeridade do tempo fica para um outro texto. Neste quero fazer uma reflexão – ou algumas - sobre esse tempo longe de casa.

Numa breve análise diria que esta foi uma temporada dolorosa, porém de alguns aprendizados. Fundamentalmente sobre o valor do estar vivo, do fazer o que tem que ser feito (com responsabilidade, claro) enquanto o sangue corre nas veias.

Sempre deixamos algumas coisas para depois e isso é um grande erro. O tempo passa tão de pressa que quando percebemos não fizemos nada. As coisas continuam acontecendo, a vida segue seu curso normal, as pessoas nos esquecem com o passar do tempo, estejamos presentes ou ausentes.

Isso me fez refletir sobre apego que temos às coisas e pessoas e lugares. Esse é um dos motivos pelos quais vivemos tão infelizes. Deixamos de aproveitar plenamente esse milagre que é a vida. Aí vem a morte infalível e põe fim em tudo.

Não sei o que há após a morte, mas sei que quando ela vem tudo aqui, toda a alegria possível, toda felicidade imaginável, todas as conversas agradáveis, todo o amor não vivido, todo ódio sentido, todo sofrimento por adiar sempre o abraço apertado, o sorriso solto, o “eu te amo”, o ficar deitado na cama ouvindo musica, o aprender a tocar um instrumento, tudo fica para trás quando a indesejada de todos vem.

Se o que vem depois disso aqui é bom ou não, não sei dizer, nem sequer imaginar. O que sei e que é fato é que a vida com todos os seus percalços, contratempos, contrariedades e com todas as possibilidades acima citadas, é única e pode se tornar muito boa, ou não, como disse o poeta baiano. A questão é que tornar vida agradável ou desagradável nem sempre é uma escolha que podemos fazer.

Alguns otimistas de plantão dizem que tornar a vida boa só depende de cada pessoa. Eu, com toda a obscuridade de pensamento, de visão de mundo penso que o jeito, a forma como enxergamos a vida depende de muitos fatores, entre eles influencia bastante o tipo de família onde fomos criados e a forma como essa família nos ensina direta e/ou indiretamente a ver a vida. O que quero dizer é que filhos de pais infelizes dificilmente serão adultos felizes, filhos de pais pobres possivelmente serão pobres, se não a vida inteira, pelo menos a maior parte dela. Não sei se me expresso bem, mas o que quero mostrar é que essa coisa de dizer que ser feliz ou não, ter sucesso na vida ou ser fracassado, ser otimista ou pessimista depende única e exclusivamente de cada um não faz sentido algum para mim. Isso parece mais com propaganda para culpar as vítimas pelo fracasso que lhes foi imposto propositalmente.

Não sei se porei em pratica todo esse aprendizado quando estiver de volta a minha terra, mas toda experiência nova sempre deixa algo de proveitoso para nossa vida.

Em 04/08/11

Taciturno Calado
Enviado por Taciturno Calado em 07/08/2011
Reeditado em 07/08/2011
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