Milhões? Não!... Bilhões? Sim!... Trilhões? Só questão de tempo...
Milhões? Não! Bilhões? Sim! Trilhões? Só questão de tempo...
Sergio Pantoja Mendes
Sou, desde muito tempo, um crítico feroz da Copa 2014 e da Olimpíada 2016, aqui no Brasil.
Apesar das nossas "otôridades" políticas e dos nossos dirigentes esportivos, corroborados pela mídia, afirmarem que um grande legado de melhorias, vai ficar para a população após esses eventos, a cada dia que passa, mais me dou razão, ao ver essas "otôridades", divulgarem os projetos a serem desenvolvidos e os custos desses
empreendimentos.
Até a pouco tempo atrás, as pessoas, quando se referiam aos dinheiros públicos, falavam sempre em milhões de dólares ou em milhões de reais e já nos chocavam, com a magnitude que achávamos colossal, dos investimentos a serem aplicados em uma determinada obra. Eram valores altíssimos, da ordem de 15, 20, 25 ou mais milhões e que no final, sempre dobravam, nos deixando a todos, de boca aberta...
Com a conquista do direito de sediar a Copa e a Olimpíada, a nossa surpresa se fez muito maior, em relação ao assunto; já não se falam em milhões. Agora, os valores foram multiplicados por mil. Agora, só se fala em bilhões... Bilhões, em um país aonde a corrupção está presente em todos os niveis dos governos federal, estadual e municipal, além de marcar presença também, em todos os três poderes da república (executivo, legislativo e judiciário)... Bilhões, em um país aonde falta segurança e justiça (onde estão os matadores da menina Joanna Marcenal e os assassinos do menino Juan Moraes?)... Bilhões, em um país aonde falta educação e saúde. Um país aonde as pessoas morrem como animais sarnentos, nas filas e nos corredores congestionados dos hospitais... Bilhões, em um país aonde o governo negocia favores, para evitar uma CPI... aonde um ex-ministro, sob fortíssimas suspeitas de corrupção, retoma seu mandato de senador e em um discurso, demonstra toda a sua "indignação", contra aqueles que duvidam dele e de um seu filho (que teve seu patrimônio aumentado em quase 20000%)... Bilhões; gente honesta, só fala em bilhões... muitos e muitos bilhões...
Para que tenhamos uma idéia sobre tudo isso, lendo uma entrevista do homem que foi guindado à presidência da Autoridade Pública Olímpica
(APO), publicada na edição do dia 04/08 do jornal Lance, ficamos sabendo do número de projetos existentes, para a realização dos jogos olímpicos e paraolímpicos de 2016 e do montante de recursos destinados para viabilizar a execução desses eventos.
Segundo Marcio Fortes, presidente escolhido da APO, são 403 os projetos que serão estudados e avaliados, para definir quais deles serão executados, a um custo estimado de -pasmem!- 41,5 bilhões de reais. Agora, são bilhões... muitos...
Questionado por um dos repórteres do jornal, Marcio Fortes afirmou que nem todos os projetos serão executados, mas que os recursos foram colocados à disposição, para isso. Como, segundo um dos jornalistas, as obras de infraestrutura do Rio 2016, estão orçadas em 23,2 bilhões de reais, podemos entender, que os recursos já foram disponibilizados, para cobrir também os acréscimos dos custos, que sempre acontecem, nessas grandes empreitadas. Isto, apesar de na sua entrevista, o citado senhor, deixar subentendido, que o gasto será controlado e não atingirá o montante divulgado... Será que alguém, em sã coinsciência, acredita nisso?...