AMY... PORQUE A VIDA É  BELA

POR CARLOS SENA.




Há duas coisas que ninguém questiona: um dia teremos que morrer. Sendo a coisa mais certa da vida, talvez o melhor antídoto contra ela, A MORTE, seja mesmo AMAR a vida. Por mais duro que seja sabermos que não temos vida eterna, a gente não perde a vontade de viver e sempre, consciente ou inconscientemente, achamos que ela só chega pros outros. O grande diferencial entre viver e morrer talvez seja o sentimento de felicidade e bem estar que buscamos. Uns ficam a vida toda buscando ser feliz no amor, como se esse tipo de sentimento fosse capaz de garantir prazer por toda vida; outros, fazem dele, O AMOR apenas um acontecimento a mais no conjunto dos prazeres que descobrem no decorrer da vida. Mas há o contrário. Há pessoas que lutam na vida pra ser felizes, pra descobrirem motivos extraordinários pra existir e não conseguem. Talvez porque constroem sonhos demais para realidades de menos; talvez porque sejam felizes apenas pela busca em si mesma disto. Talvez até por questões estruturais de personalidade e genética, desenvolvam problemáticas de saúde que lhes incapacite “administrar” a vida e ser feliz com todos os ingredientes que fazem qualquer pessoa se amar profundamente.
Lá fora só se fala na morte de AMY WINEHOUSE que nos penaliza a todos pelo talento musical precocemente ceifado pela morte. Lamentamos. Contudo, ela, EMY, nos passava a idéia de ser infeliz, apesar de rica, jovem e talentosa. Os jornais divulgam, excessantemtne, sua morte. Esquece-se de mostrar as outras mortes igualmente importantes que acontecem nas nossas URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS públicas. Quantos talentos do cotidiano não estão a esta hora sendo chorados pelos minguados parentes que, nem sempre têm dinheiro pra fazer um enterro digno. Nada contra EMY, pois ela foi uma coitada em vida; foi mais vitima do que vilã, do processo de aviltamento da sociedade de consumo e do capital selvagem. No fundo EMY foi um pouco a revolta dela mesma por não poder ser feliz dentro dos seus princípios particulares. Se bebeu, se fumou, se tomou drogas, se fez sexo em grosso e a granel, ótimo – essa era a sua vida. Talvez tivesse o sentimento do mundo tão cheio de injustiças, daí sua impetuosidade em se transformar num instrumento de contradição, de rompimento do socialmente estabelecido.
Mas tudo isto só ela sabia. Deve ter sido feliz em seu curto espaço de tempo. Na verdade, tudo isto nos passa pelo relativismo existencial. Há pessoas centenárias que passaram a vida toda sem se expor, sem se aventurar, sem se arriscar, sem ser polemizada, sem fazer sexo, sem contrariar o socialmente estabelecido. Talvez os 27 anos de EMY valham por cem. Ou mais. Até onde se noticia o grande mal que ela fez foi a SI MESMA. Melhor do que a maioria dos políticos que gastam o que é nosso; bebem o que é nosso e vendem o que é nosso e dão o que é nosso... Sequer são presos. Mas isto leva nossas escolas a serem precárias e nossa saúde a permanecer abaixo do precário. Pelo menos EMY fez da sua vida o que quis. Gastou como quis o seu dinheiro. Deu a quem quis seu sexo. Todo o mal que pode ter feito só sobrou pra si, embora não tenha sido para os jovens um bom motivo a ser seguido no tocante ao consumo de drogas.
Fica posto que viver é mesmo a busca de ser feliz. Dizem que ela não era, mas só ela poderia saber disto. Se não foi feliz como achamos que não tenha sido por conta de sua vida pouco regrada, fazer o quê? Independente de ser famosa; independente de não morrer nas urgências e emergências do SUS; independente de morrer feliz ou triste, a MORTE É CERTA para famosos e anônimos. Desta forma, o melhor mesmo é beijar na boca e ser feliz. Quem gostar de homem que dê pros homens sendo homem. Quem gostar de mulher sendo homem que arrume uma boa mulher. Quem, sendo mulher gostar de mulher que deite e role na aranha até babado virar bico, pois URGE SER FELIZ E A VIDA É BELA. Por ser bela é passageira e não há cobradores nesse ônibus da existência...

Reflita: há três milênios que o homem nasce e morre, por que não eu, nem tu, nem EMY?