Este tal amor...    Giselle Sato



O amor tem meandros inexplicáveis, contorna e retorna no silencio dos aflitos, parte alquebrado ainda que apaixonado, faz do coração dos amantes o campo onde desenrolam intermináveis jogos. Para ser vencedor é preciso uma dupla, e é neste momento que as coisas ficam complicadas, cada ser é único, forjado desde o primeiro suspiro e traz para a vida, sua própria essência que por amor e carinho concede mas jamais se altera.
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E vem o primeiro impulso, do encontro e do encanto, quando o romance surge em sopros fortes e arrasta os amantes em um torvelinho de emoções. Envoltos nesta nuvem rósea, mascaram-se os não ditos, ficam ocultos os defeitos, afinal... a paixão é tão perfeita, pra que estragar com pequenos detalhes...que podem não ser tão diminutos adiantes. Mas isto... é outra história.
Música viram tema, livros são favoritos, existe um lugar feito que sempre os esperou, e são tantas afinidades que não resta a menor dúvida que foram feitos um para o outro. Mar de rosas escarlate, rios de chocolate e beijos intermináveis. E ele está no cartão postal, na poesia, em presentinhos e surpresas.


O romance segue, dias, semanas, meses, de sol e ondas suaves alternam-se às tempestades negras , o mar em vagas imensas, que parecem tragar promessas sussurradas, rosna mal humorado. São as tais marés, ciclos lunares, estações que brotam mil flores para depois fustigar sob sol intenso e só as mais fortes sobreviverem. Chuvas lavam a alma, explodem em cores o arco-íris no final do horizonte, não estamos sós nem perdidos. Apenas amando. Nem menos nem mais, ainda somos iguais só que agora a refletor incidiu e expôs, nua e crua é deste jeito e ponto final. Há o coração e a razão: ponderação. E mais uma vez, a natureza se encarrega da seleção natural.


Já na maturidade, os sobreviventes de mãos dadas, compartilham o silencio e estão em paz. A escolha foi feita há tempos, e sucumbir ao tempo, haverá apoio e cuidado. Mútuo. Seguem a estrada, a boa vontade é aliada e a compreensão não conjuga no singular. Há frases entrecortadas, impulsos mal resolvidos, casa de marimbondos esquecidas no cantinho.
Melhor assim, eles desejam seguir em frente, o passado ficou em alguma curva do caminho, perdido. E pisam forte, marcando as pegadas, passos cadenciados, seguros, tantas histórias vividas e quantas prontas para experimentar... Estar junto é uma opção trabalhosa, nada fácil, cheia de ajustes e reajustes, seria preciso uma vida inteira para aprender a amar.

No final, a gente pensa que é  mesmo assim, uma grande aventura que merece ser vivida intensamente, como o sabor novo de um sorvete híper calórico mas deliciso, aquela  viagem sonhada a  um país nos confins do planeta ou uma  roupa caríssima  que você tem certeza que só vai usar uma vez, mas vai valer a pena. Sempre vale a pena. No fundo d'alma a gente sempre sabe.

Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 11/07/2011
Reeditado em 12/07/2011
Código do texto: T3088713
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