CAMINHOS DE UMA ALMA PENADA

Terninho de linho, chapéu de feltro e sapato de quem veio para dançar.
Tudo pensa conhecer, porque muito já passou.

Já se acha letrado do que a vida tem para ensinar.

Só não sabe ainda é onde vai usar estes ensinamentos que não vieram de graça. Vieram junto de muito apanhar, mas pagou o preço para aprender, pois se sentia muito despreparado para esta vida que o rodeava.

Aprendeu a dar a volta por cima não importando o tamanho da desdita. Não tinha tempo a perder. Os acontecimentos passavam rápidos e não dava para ficar parado.

O levantar da cabeça tinha que ser logo, pois não sabia o que a vida iria trazer pela frente. Boa coisa sempre não seria.

Quem começou correndo atrás não tem tempo a perder se quer seguir em frente. Tem primeiro que aprender a andar, a afirmar o passo que o caminho é longo e as pedras, no percurso pequenas não são não e descobrir o caminho vai ser como sair de um labirinto.

Vai antes errar muito. Muitos vieram para este mundo sabendo tudo de antemão, já vieram professores com pós graduação e passa incólume pela vida, mas para ele não vai ser mole não.

Nasceu além da base, raspa da sociedade onde, fora do primeiro estágio, e no primeiro onde só espreita a malandragem, onde as cobra se alimentam umas das outras.

É o trecho mais difícil de passar, pois é pela entrada dos fundos de quem quer voltar à vida, voltar a aprender a viver em camaradagem e não espera, à toa, que desta rebarba seja tão fácil achar a entrada, pois a malandragem viés deste ambiente vive de antropofagia.

Não conseguindo se chegar a outras esferas mais acima fica chafurdando na lama sem nem conseguir levantar o olhar.

Esta alma não está aqui de passagem. Ela tem que ficar ali, ainda não sabe como sair, nem consegue conviver em nenhum ambiente.

Sabe que não é deste meio, mas não tem forças para dali sair e esta força, ele sabe, têm que encontrar dentro de si; ele tem que criá-la, do nada que é que possui, mas é dali que tem de criá-la.

Vai ter que subir os degraus, depois deste, para respirar mais em cima.
A luta é dura, pois a malandragem espreita de todos os lados. É como rastejar na lama tentando manter a cabeça fora para poder respirar.

Ela está à  espreita, não importa a hora do dia, e ele sendo despreparado não pode pisar em falso; tem que estar sempre andando, pois este é o preço, não tem outro jeito, mesmo que esteja andando em círculo, mas é assim que tem que viver para se sentir protegido, não pode parar, pois sabe que vão descobrir que ele nada é.

É muita malvadeza que vai conhecendo juntamente com as perfídias.
É onde está a base mais baixa e vil da sociedade; a rebarba moral, não a financeira, da pirâmide social e na parte que não tem honestidade e nesta faixa é gente para todos os lados.

Não tem espaço para ele se proteger. Vive acuado do amanhecer ao anoitecer. E se o medo esta arraigado na alma, muito esforço vai ter que fazer para não deixar transparecer.

E para isto não pode ficar parado, tem que andar, andar, andar.... mesmo que os pés já estejam sangrando.

Não tem escolha, se ficar o bicho agarra, mas se correr ele vai te notar, procura andar devagar, não chame a atenção que eles vão te pegar.
Só tem uma saída e é lutar a luta de forma vagarosa como é a vida do aprender de quem sai do zero e não trouxe nada a apresentar.

É como se tivesse saído de uma clausura de décadas e jogado na bandidagem trinta anos depois, sem nada conhecer e tendo que sobreviver.

Dia após dia, parece não andar. É muito lento o desenvolvimento. Não visualiza nenhum progresso e o medo; o medo é pavoroso e você não tem um lugar seguro neste mundo para ficar. Anda, anda.

O medo de quem sabe que é uma presa fácil no meio onde vive, mas não pode transparecer, pois esta é a proteção. O único caminho para não se sentir em perigo é andar, andar, sempre caminhar, quem sabe um dia poderá parar.

Parece um jogo e se misturando com a multidão parece protegido,  no anonimato, mas que ninguém o olhe que já se sente descoberto.

Vamos à luta, vamos em frente. Nesta situação vale a determinação: Haverá de superar.

Em casa nem pensar. É lá que a situação é pior. É lá que todos batem forte.

Vamos vencer, pois a vida não tem volta. O caminho é só prá frente e quanto mais você demorar pior vai ficar.

Andar, andar, pois está fora da sociedade e a entrada para ela, para você, é pela porta dos fundos, onde impera as perfídias e a pior torpeza que a humanidade criou na sua existência e onde é o lugar que te sobrou.

E além de estar nesta situação mesmo assim está fora dela, e ainda tem quem achar a entrada, o portão, para entrar. Tem que ficar rodeando até consegui-la. Andar, andar....não adianta se esconder se esconder.

Ainda não está no mundo onde gira a situação, ainda não, está rodeando a periferia atrás da porta. A porta dos fundos da vida humana aqui nesta Terra, para onde vieste com uma alma totalmente despreparada.

Deves ter tido uma vida anterior de muito poder, mas que abusaste, sem teres sido justo e, com certeza, foste um déspota, sempre protegido pelo poder, fazendo tiranias e agora nasce neste ambiente inverso de tirania familiar e social, como foste antes, só que agora quem é o oprimido és tu e, agora sem nenhum poder, tens um medo medonho de sair na rua, pois parece que vais encontrar os teus desafetos, que agora estão prontos para te pegar já que não tens mais nenhum poder.

Sentes como te tivesse um inimigo em cada esquina, É esta impressão na alma que tens. É o que plantaste: Tirania e medo outrora e agora pobre e sem poder estás colhendo o que plantaste e te sentes impotente para a vida. O medo espreita em todas as esquinas.

Quem manda ter feito tantas injustiças lá naquela vida. O poder te destruiu.

E para continuar vivendo agora vais ter que começar pelo submundo onde imperam todas as lascívias, todos os vícios e onde ninguém cobra nada de ninguém.

As piores malandragens vão te oprimir, pois é ali onde vais vivenciar o quanto foste injusto, mas isto você não lembra, pois no nascimento tudo se apaga na tua consciência. Aqui começas do zero.

Isto não é um castigo, pois não existe castigo no amor universal, mas estais colhendo a sementeira que plantastes, só que não sabes.

Oprimistes, agora serás o oprimido, pois para os opressores foste atraído e todos a tua volta diziam “mas que criança mais linda”. A vida te trouxe pela tua igual espécie para este meio, mas este sentimento de terror vem da tua alma e é lá que terás que vencer o que tanto te apavora.

Ali, naquela rebarda da sociedade, só vale a oportunidade de se beneficiar em cima de alguém, ninguém pode vacilar neste meio, não importa se alguém se arrebentou.

Só vale o que um usurpa do outro. É carniça vivendo de carniça e você, apavorado, não tem outra escolha. É por ali que tens que iniciar o teu caminho. Já entraste pela porta, agora se prepare que o bicho vai comer. Passaste a fronteira onde agora vais conviver.

Mas e agora, como vais sobreviver? Você se sente como quem saiu de um orfanato, todo protegido, direto para o Carandiru.

Vamos para o segundo passo, pelo primeiro você já passou que era passar pela entrada. Superaste este primeiro trecho.

Estás agora onde rastejam os piores vermes da humanidade, gente sem nenhuma compaixão. Prepara-te meu irmão.

Vamos sobreviver, parece que você chegou de outro planeta. A convivência é muito difícil. Você não conhece a língua, apesar de estar no mesmo país.

È muito difícil a convivência, mas o caminho é esse, não adianta chorar, este mundo foi o que você plantou para si. Vidas erradas onde plantaste a falta de amor e a opressão, agora estas de frente da sementeira.

Um dia este retorno ia acontecer e tem quem ser agora, pois está na época da última oportunidade.

Quanto mal não fizeste para agora te sentires nesta situação, sem nem coragem do ir e vir. Encoste então na parede. Comece assistindo.

Primeiro tem que ter a coragem de ficar observando, mesmo que pareça que todo mundo esteja te reparando e se perguntando de onde é que veio este que parece que não sabe nem falar e que realmente não sabe. O pânico te imobiliza.

Se alguém chegar e disser “Vai embora”, você vai, pois não se sente sem nenhum direito neste mundo. Até falar com uma criança você não sabe, se ela chorar você vai sentir que vão meter a boca em você, como sempre todos no teu lar fizeram. Ignorante, sai daqui ignorante.

De onde foi que vieste. Imagina a escuridão da matéria fina do além de onde vieste para encarnar neste mundo.

Luta agora para merecer melhor guarida, pois a vida continua e o tempo corre contra você.

As pessoas nos piores bares passam a te aceitar, afinal você não incomoda. Você não é aceito, você é suportado.

Só fica ali. Beber ainda nem pensar. Fica só quieto, imobilizado. Cuidado se alguém olhar para você, mas aos pouquinhos elas vão se acostumando com você.

Aprendeste a jogar baralho e outros jogos, pelo menos enquanto estas jogando não precisas falar e o jogo são uma forma de participar e não só ficar só assistindo a vida. O jogo te aproxima um pouco das pessoas, mas o horror é grande, mas ali você já está participando.

Trabalhar ainda nem pensar, não tem condição para isto ainda, não agüentaria o convívio ou a exposição em excesso. Ser-te-ia muito cansativo manter a aparência durante as horas diárias em contato com todos.

As experiências não tinham sido boas.

Seria muito tempo falseando, pois nem conheces, afinal, que personalidade possui. Criaste só uma caricatura de alguém até agora.
Seria demais passar oito horas por dia tentando ser alguém que você não é edepois ainda ter que ir para casa conviver naquele ambiente que mais parece uma casa de horror.

Ninguém pode ver o medo medonho que você tem do convívio social, mas a vida vai caminhando. Na família um inferno, na rua uma loucura.

Vida dura esta tua, mas vai pelejando que o caminho pelo menos já encontraste. Já há uma esperança de alguma luz no fim do túnel; quem sabe; pela entrada já passaste, já te firmaste nesta posição, mas o que encontraste não é o melhor da humanidade, mas já é muito bom fazer parte.

Começa o período dos vícios. Tomar cerveja e outros passa a ser mais um ato de afirmação e garante o lugar junto aos outros. Para quem não tinha nenhummlugar já tens um. Você é mais um para dividir as despesas, mas não vacile, pois o medo espreita.

Mas este medo que vem da falta de traquejo social já começa a diminuir. Estás no pior dos grupos, gente que só sabe de vícios, jogar e nada de amor, nada de se falar em relações afetivas mais profundas. E você, principalmente, nem pode pensar no que é isto.

Mas você tem que pagar este preço. Éo início do caminho, você não tem outro.

Só numa vida de vício onde a convivência nos piores prostíbulos é uma das opções sociais e só vivendo na penumbra da noite. Um pária vivendo com párias, mas ali, sem pagar, pois não tens dinheiro, mas até que és aceito. Ali as mulheres parecem ver que você é mais do que aparenta. Ali parece que alguém vê algum valôr em você.

As prostitutas são o único relacionamento que você tem do que se pode chamar de afetivo. É mal heim! Mas elas te aceitam e você se dá bem.
É a entrada para a vida pelas portas dos fundos até poder se relacionar com toda a femilidade novamente, sem que impere o vício que sabes que tens, que o da sexualidade compulsiva, sem nunca ter um fim da nescessidade.

É, o conhecimento com as mulheres, que assim como foi na entrada para a vida foi pelos fundos, onde imperava todas as torpezas, aqui não poderia ser diferente.

São mulheres sem nada a perder nem ganhar, que só sabem viver o "aqui e agora" que só são felizes quando surgem não a luz do Sol, mas as luzes de neon, que você também gosta.

Mas você tem muita vergonha de se aproximar das mulheres durante o dia, pois para estas, você não tem nada a oferecer, você é um zero a esquerda. Você não tem emprego, você não tem nada, vai carcará e se for se aproximar só será motivo de chacota.

Contra elas você também deve ter pecado muito. Quem sabe você não foi um daqueles inquisidores que mandaram tantas para a fogueira. E agora morres de medo delas também.

Quem sabes nãos fostes um daqueles que se chicoteavam para anular o instinto sexual natural.

O medo é geral, não tens lugar onde possas descansar. Avante pecador, andar, andar. Você não tem nada a oferecer, você não tem emprego, não tem nada e isto também te afasta das mulheres normais, pois não queres que elas descubram o traste que pensas que és.

Você não plantou amor no passado e agora não sabe como o receber. É umm mendigo de sentimentos.

Só se for à noite e sem ninguém estiver vendo para andar de mãos dadas com as mulheres que consegues nos guetos da vida.

É, é bem provável que o teu poder tenha sido na religião, pois de onde pode vir esta vergonha. Vergonha de andar de mãos dada, uma coisa tão simples e singela, já que antes, na outra vida, combateste tanto nos teus subordinados, por isto agora a vergonha.

Parece que todo mundo está te olhando. “Cobrou tanto dos outros e agora aí se entregando àquilo que sempre combateu dos seus subordinados".

Plantou o falso amor. Não o amor que engrandece e que nos aquece, mas o amor que acha tudo sujo, o amor egoista, o não amor.

Mas a tua vida continua prevalecendo no período noturno e junto da pior escória. Você sabe que no coração é bom e de boa índole, mas o pavor é enorme e só lá, na penumbra, é que você tem coragem para ficar.

Estas no último estágio da humanidade, onde só imperam as vilezas. Você não pode dar vacilo que você dança.

É por ali que você tem que achar a porta e continuar no teu caminho. É ali, onde ninguém exige nada e mesmo assim vai ter que lutar para ser aceito, pois mesmo ali prevalece a lei da natureza do mais forte e você é totalmente despreparado, não só para esta sociedade, mas para este planeta, então blefa.

É, mesmo que achando que era por uma boa causa, você extrapolou muito naquela vida e estava numa causa errada. Muito mal você fez pensando que estava fazendo o que era certo, exigindo dos outros aquilo que sempre foi antinatural.

O nosso Deus não exige nenhuma renúncia e nenhum sofrimento das suas criaturas. Ele quer que elas sejam felizes, colhendo só bons frutos das suas ações.

Criaturas estas que hoje querem saber mais do que Ele que criou tudo na maior perfeição e amor.

Ele só quer pessoas alegres na sua grande seara.

Se alguém fez do instinto um grande pecado ou vício, ou da riqueza injustiças ou do poder sofrimento, arca com as conseqüências nefastas dos seus atos que tanto oprimiram a humanidade na sua história e agora aprendem, a duras penas, o caminho da volta, o caminho da felicidade, pois não tem outro caminho que o da redenção; o caminho do enocntrar com os frutos plantados.

No reconhecimento dos erros é que começa uma nova vida.

Vai alma penada, mesmo enquanto colhes os teus frutos amargos, não perde tempo e vai vendo se consegues pelos menos alguns bons frutos que amenizem o teu caminho, que amenizem o teu sofrimento.

Vai alma penada, pois mesmo assim estás no caminho da tua redenção, já que reconhecestes o teu caminho de erros.

O sol já começa a brilhar!

“Livre é só o ser humano que vive nas Leis de Deus! Assim, e não diferentemente, ele se encontra sem pressões nem restrições nesta Criação. Tudo o auxiliará então, em vez de lhe obstruir o caminho. Tudo o ‘servirá’, porque ele de tudo se utilizará de modo certo.” Abdruschin, Na Luz da Verdade - graal.org.br