OS APELIDOS DE ANTIGAMENTE NO FUTEBOL
OS APELIDOS DE ANTIGAMENTE NO FUTEBOL
Os apelidos de antigamente no futebol tinham correlação com a natureza, com a profissão ou com a família. Tais apelidos acompanhavam a pessoa quase para o resto da vida. Mormente eram nomes engraçados, repetitivamente sonoros ou debochados, mas com ar de afetividade ou chiste carinhoso.
Lembro-me do Lambreta, craquão de bola do Rio Doce Esporte Clube, de Governador Valadares; lembro-me do Padeirinho: um metro e cinquenta de altura, mas do pescoço para cima, no meio-campo do Rio Doce, sabia esconder a bola e dar passes magistrais para o ataque fazer gols; e o Alicate, becão do Almirante Barroso, um Cabo do Sexto Batalhão, do feitio de um armário: passava a bola, mas o adversário ficava no chão; e o Pinha? Sua casa tinha um pomar de diversos pés de frutas. Ele vivia comendo uma pinha no pé. Sua mãe vivia raiando com ele: desce daí menino. Vem comer menino... Ele respondia: Não tô com fome, mãe! Também pudera, não ficava uma manga ou goiaba madura no pé para os canarinhos-da-terra.
Jogamos no Rio Doce, no Cruzeiro e no Palmeirinhas por vários anos. O Rio Doce ainda tinha o João Rosa – um técnico pra lá de supimpa -, o Cruzeiro tinha o Marcolino e o Zé-Pequeno; o Palmeirinhas tinha o Maílson Sapateiro. E o Mãozinha – ele é um dos filhos da Taladomida - e o Filhinho: Chegávamos para chamá-lo em sua casa e sua mãe sempre dizia: Filhinho, seu colega está chamando para o jogo. Aí, o apelido de Filhinho. E o Aníbal, goleiro do time da Dona Cota, frangueiro como ele só, e que hoje não sai do buteco do seu José Lúcio, tomando ¨goles da marvada¨; Tinha o Adãozinho – o goleiro anão - sim, goleiro anão-borracha; tem o Magela - mano – que, de Beque Central, não dava moleza: Bola pro mato que o jogo é de campeonato; o Jáder, outro meio-campista craquão de bola do Palmeirinhas. Ainda tem o Pelego, o Zeca, o Luisão, o Carcará, o Marreco, o Chiquinho, o Dino, o Zoé, o Dedé, o Picolé, o Muçunga, o Caçapa, o Pezinho, o Candinho, o Canhoto e tantos outros bons companheiros... Alguns ainda vivos e na Terceira Idade, jogando bola ou frequentando os salões de dança da Terceira Idade.
Ainda tinha o Cabo Du; tinha o Batalha; o Pipoqueiro, garoto esperto, na ponta-esquerda dava o maior trabalho para o Guaraci e o Quiabo no treino do Cruzeiro; e o Madureira; e o Lumumba - totalmente cambota - mais do que o Mané-Garrincha; e o Bolivar, esquerdinha também de pernas tortas; e o Macarrão; e o Quinzinho; e o Pastoril...
Enfim, muitos são os apelidos e muitas são as pessoas sobreviventes daquele tempo de outrora, em que futebol era jogada com raça e uma bola só e o camisa 11 era sempre o ponta-esquerda e a camisa número 1 era sempre a do goleiro... Salve Raul! Salve Hilton Oliveira! Salve Natal! Salve Sérgio Araújo! Salve Tostão!
Bons tempos... Bons tempos da rapaziada do Futebol Amador de Valadares... Jogávamos por amor à camisa... Suávamos a camisa do time... E o que ganhávamos em troca? Os aplausos dos torcedores e das moçoilas casadoiras, mais o respeito dos amigos do belo e emocionante Futebol de Várzea ou, naquela época, Segunda Divisão. Hoje, temos a Segundona... Mas o futebol mesmo que é bom? Deixa a desejar...
São Memórias de antanho... São recordações de um tempo...
Caríssimo(a), um abraço, e felicidade profunda... Até segunda...
Luiz Limagolf F I M.