O OBJETIVO DA VIDA...

Depois de ter estado num campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial, o notável Viktor Frankl retornando a Viena e reconstruindo a sua clínica estabeleceu uma terapêutica, a mais eficiente para aqueles anos posteriores à guerra: a terapêutica do objetivo da vida.

Quando o paciente chegava para ele e dizia:

Ah! Doutor, eu quase me matei!

Muito bem! E por que não se matou?

O senhor acha que eu deveria me matar?

Não, não. Eu só estou perguntando por não se matou.

Por que eu tenho um filho para criar.

Então esse é o objetivo da sua vida.

Ele escreve com certa amargura:

- Por que do lado de fora do campo de concentração, em que a pessoa tem liberdade, os indivíduos se matavam com tanta facilidade? Dentro do campo, o índice de suicídios era mínimo. Quase todos queríamos viver para denunciar os terríveis crimes contra a Humanidade, o genocídio dos nazistas. Nós tínhamos esse desejo de denunciar...

Narra que um dia estava conversando com um notável geógrafo e com outra pessoa que era dicionarista. Os dois estavam planejando cometer suicídio. Já era 1945 e quase não tinham resistência, naquele campo de trabalhos forçados e de extermínio.

- A solução surge – continua narrando – quando você tem de viver, porque tem um objetivo na vida. Prolongue a sua existência, viva cada momento, porque você vai ter a rara oportunidade, quando sair do campo, de continuar sua obra.

E ao dicionarista:

- Você concluiu o seu trabalho?

- Não. Está pelo meio.

- Então, você tem um dívida para com a Humanidade. Viva para poder terminar a sua obra.

Os três foram salvos pelos russos, que chegaram ao campo a tempo.

Depois, mais tarde, Viktor Frankl se torna um dos maiores psiquiatras e vai fazer parte da psicologia humanista, que abre as portas para a psicologia transpessoal, graças a essa vontade de viver.

Os outros dois terminaram o dicionário e o tratado de geografia,com o que enriquecem o mundo de beleza.

A nossa vida tem um significado.

Podemos dizer que o sofrimento é resultado de uma necessidade de natureza ética transcendental, porque tudo sofre: os animais, os vegetais.

Nos animais, já vemos a dor perfeitamente codificada, por causa do sistema nervoso central. No ser humano, por causa da emoção, as dores morais são as mais terríveis.

Todos nós sofremos, mas o nosso antídoto ao sofrimento é o amor.

Por isso não posso conceber que criaturas simplesmente, por alguma contrariedade, por algo fugaz, por falta de um objetivo de vida se auto-aniquilem, uns gradativamente através do uso de drogas, álcool, etc., e outros, por não suportarem o sofrimento se matam achando que irão resolver seus problemas...

Em compensação existem muitos que não sofrem privação nenhuma, tiveram tudo que desejaram, são ricos, e todavia se suicidam, como vemos nos países considerados de primeiro mundo. O índice de suicídios na Europa, Estados Unidos, Ásia é simplesmente assustador.

Tudo porque falta-lhes descobrir um objetivo nobre de vida.

Algo que transcenda o ganhar dinheiro, ficar rico, ter poder, etc., coisas que até hoje vem sendo colocadas como prioridade na vida de muitos, mundo afora.

Mesmo que cheguemos à idade que, estejamos aposentados, os filhos criados, não há mais nada material para se buscar, devemos voltar nossa atenção à busca de algo transcendental que nos dê um objetivo de vida, nem que seja escrever um livro, distribuir mensagens, participar de grupos de proteção do meio ambiente, dos animais, dos seres humanos, enfim, é preciso perseverar na vida até o fim...

Por isso tudo, necessário é buscar esse objetivo, lutar à exaustão, pois, do contrário, a tendência a desertar da vida na Terra é uma sombra que acompanha a muitos e, sucumbir a ela é muito fácil...

PEDRO CAMPOS
Enviado por PEDRO CAMPOS em 07/07/2011
Reeditado em 16/10/2012
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