FANTÁSTICO É DOMINGO.
Domingo é dia de missa. Dia de culto. Dia de almoço em família. Dia de não fazer nada “só pra deitar e rolar com você”, como diria Rita Lee. Domingo é dia de ver um filme em casa, juntinho da pessoa que amamos, comendo pipocas. Domingo é dia de olhar a chuva quando há chuva. Dia de olhar o sol, quando o sol nos invade a janela do nosso quarto convidando, logo cedo, para sairmos ao seu encalço. Domingo é dia de ler um bom livro, de fazer uma poesia sem se preocupar se alguém vai gostar, exceto seu companheiro de ver filme e comer pipoca. Domingo é dia de pescaria. Dia de se deixar levar por nada, de sentir feliz por pouca coisa, de descobrir que a felicidade da vida está nas coisas simples. Dia de testarmos nossa paciência e nossa evolução deixando que os outros falem de nós, pelo prazer de sermos nós diferentes deles. Domingo é dia de fantástico. Não o da televisão, mas o nosso. Aquele que só nós sabemos quanto nos custa proceder, quanto nos custa sentir, quanto nos custa ser. Fantástico é sermos nós, a despeito do que querem que sejamos. Fantástico é ouvirmos nossa música (mesmo a brega) sem se preocupar se alguém nos chamará de démodé. Fantástico é acreditarmos no nosso Deus particular sem se preocupar se o nosso Deus faz parte da dinastia dos deuses dos outros. Fantástico é vivermos do nosso trabalho por mais simples que seja, mas que nos mantenham vivos auto-suficientes. Fantástico é fumar um cigarrinho de tabaco (melhor deixar o vício) e ter certeza de que maconha não entra, nem cocaína, em nossa vida. Fantástico é ter certeza de que nossos filhos têm limites, nos obedecem, nos respeitam e nos amam. Fantástico é entrar num shopping Center e descobrir que não se sentiu tentado a comprar por compulsão. Fantástico é saber-se luz e saber-se trevas – sabendo-se dia e sabendo-se noite, até que um dia o palco da vida encerre sua temporada...