SOMOS REFÉNS DA NOSSA SOCIEDADE

SOMOS REFÉNS DA NOSSA SOCIEDADE

“Viver em sociedade é um desafio porque às vezes ficamos presos a determinadas normas que nos obrigam a seguir regras limitadoras do nosso ser ou do nosso não-ser...

Quero dizer com isso que nós temos, no mínimo, duas personalidades: a objetiva, que todos ao nosso redor conhece; e a subjetiva... Em alguns momentos, esta se mostra tão misteriosa que se perguntarmos - Quem somos? Não saberemos dizer ao certo!

Agora de uma coisa eu tenho certeza: sempre devemos ser autênticos, as pessoas precisam nos aceitar pelo que somos e não pelo que parecemos ser... Aqui reside o eterno conflito da aparência x essência. E você... O que pensa disso?” (Clarice Lispector)

O dia amanhece. Iniciamos as nossas atividades rotineiras e aí o que acontece? Descobrimos que somos reféns da sociedade que ajudamos a construir, consciente ou inconscientemente.

Para chegarmos ao destino que queremos, enfrentamos um trânsito congestionado, os insistentes e perigosos “flanelinhas”, os pedintes, os vendedores ambulantes, os “planfeteiros “de propagandas, os assaltantes, enfim, somos reféns do trânsito;

Se precisamos reabastecer o carro, quando possível passamos em, pelo menos uns três postos para comparar preço e chegamos à triste conclusão que não temos opção de compra, pois os postos de diferentes distribuidores praticam os mesmos preços ou valores similares e, então somos reféns dos cartéis de combustível;

Se vamos deixar os filhos na escola os deixamos com a incerteza de estarem recebendo uma educação de qualidade porque também somos reféns do sistema educacional implantado no país e na escola;

Se nos dirigimos a um centro de lojas, supermercados e similares nos tornam um “inspetor” do sindicato do consumidor e, mesmo assim, somos reféns do consumismo;

Se vamos a uma consulta médica, um laboratório, realizar um exame passamos por dissabores, estresses, angústias, pois somos reféns das normas impostas pelos caríssimos planos de saúde;

Precisamos fazer retirada de certa quantia em dinheiro; estamos sujeitos a assaltos, cartões clonados e filas intermináveis, porque somos reféns da falta de segurança pública;

Ao voltarmos para a casa (quando voltamos sãos e salvos) lemos um jornal, ouvimos um programa de rádio ou assistimos a um programa pela televisão e tomamos conhecimento de políticos que, às vezes através do nosso voto estão nos representando, cometendo atos ilícitos e aí, somos também reféns da corrupção;

A nossa comunicação, cada dia fica mais avançada, proporcionando conforto, praticidade e agilidade através dos equipamentos tecnológicos, como celulares, computadores, ipod, mp3, quatro,... nos deixando dependentes dessas máquinas e, conseqüentemente, nos tornamos reféns da tecnologia;

A mídia nos deixa impregnados de tratamentos miraculosos para o rejuvenescimento, para a beleza exterior, nos tornando reféns da beleza;

Enfim, precisamos lutar por uma sociedade mais justa, por uma segurança humanizadora, por uma educação de qualidade, por governantes legislando em favor da população, sob pena de continuarmos a sermos reféns de tantas outras coisas e de nós mesmos.

Salvador, 22 de junho de 2011

GSpínola

GSpinola
Enviado por GSpinola em 27/06/2011
Código do texto: T3060173