O TAXISTA E O CAIPIRA
Com a revolução industrial, a falta de uma reforma agrária e o conseqüente êxodo rural, os camponeses partiam para as grandes cidades a fim de melhorar de vida. Muitos deixavam a casa paterna, outros levavam as respectivas famílias. Era comum ver pessoas que moravam nas capitais, receberem conterrâneos, para visitas cordiais ou tratamentos de saúde. Naquela época era comum o interiorano entregar ao taxista o endereço para onde ia. Quando pegava o tradicional papelzinho com o endereço, a féria do taxista estava garantida, dia de descansar mais cedo. Era um prato cheio para o taxista desonesto arrumar grana extra com o “chapéu atolado”, ao alterar o percurso, entre outras falcatruas.
Contaram-me um episódio muito engraçado: desembarcou na rodoviária um rapaz lá dos cafundós de Minas. Entrou num táxi e nem o tradicional papelzinho com o endereço ele tinha, apenas disse: “Toca lá pra casa do Lalá”. E deu uma dica: “O Lalá é mais conhecido do que níquel de tostão, onde estiver uma turma e um cara contando piadas, pode parar, pois é o Lalá!”. Percebendo a ingenuidade do passageiro o taxista disse: “A corrida vai ficar cara, o Lalá mora longe”. O passageiro rebateu: “Dinheiro comigo é mato”. E bateu a mão na carteira, exibindo um pacote de notas. Com sorriso enigmático o taxista respondeu: “Falou bonito, amigo!”.
E rodaram das 7 às 15 horas. O taxista, a certa altura perguntou o verdadeiro nome do tal Lalá e onde trabalhava. Era um funcionário público. Na repartição forneceram o endereço. Ao chegar em uma rua do bairro Horto, o taxista mostrou o número, recebeu a supercorrida e ainda ficou com o troco de gorjeta, além de receber manifestações de profunda gratidão.