Nem os Mortos Conseguem Descansar.
O povo brasileiro já está muito acostumado com todas as dificuldades a serem vencidas durante o dia, porém, para que isso seja possível é preciso que esteja vivo, óbvio.
Redundâncias a parte, o fato que ilustra o título refere-se à greve dos coveiros na cidade de São Paulo. Pois bem, para quem achava que era difícil enfrentrar um trem lotado, não ser atendido no INSS, eis uma nova dor de cabeça: não conseguir enterrar um ente querido; ou seja, depois de vê-lo sofrer, ainda tem de avisar o morto que seu descanso eterno foi adiado por algum tempo.
Agora é possível entender o famoso dito "se fez de morto para comer o cu do coveiro.", ora, nesse caso, o coveiro se fez de morto para botar no cu dos outros.
Claro, dá para entender, salário atrasado, anos sem reajuste; mas e os mortos, coitados! Terão de aguentar mais horas na geladeira, já não basta o frio da solidão eterna.
O governo não cumpre seu papel e obriga os "assistentes de cova" a não cumprirem com o seu. Quem paga?, o falecido, que achava que estava levando o melhor da morte: não ter de pagar por mais nada.