DAR NOME A FILHO É COISA SÉRIA
DAR NOME A FILHO É COISA SÉRIA
"Conheces o nome que te deram, não conheces o nome que tens." (José Saramago)
Nós, brasileiros herdamos nomes de origem indígena local e da grande influência portuguesa, francesa, holandesa, germânica, japonesa e tantas outras. E assim, não há o nome puramente brasileiro.
Ao ser confirmada uma gravidez a escolha do nome da criança começa a ser pensada pelos pais. São livros, revistas, sugestões de parentes, desejos antigos, homenagens a serem prestadas e normalmente surge uma grande lista com nomes masculinos e femininos.
A mãe pensa em dar um nome forte, bonito, atual ou ainda quer homenagear o esposo, o pai, o avô...
O pai também tem as suas preferências. Teria orgulho em dar o seu próprio nome, homenagear algum ente querido, uma personalidade...
Enfim, compete aos pais decidir, dar a palavra final.
Não se pode esquecer, entretanto, que o nome é a identificação de uma pessoa. É com ele que se é reconhecido formal ou informalmente. É a assinatura que garante a palavra da pessoa.
Escolher o nome do filho é coisa séria É a sua identidade por toda a sua vida. É obrigatório para qualquer ação pública. Este nome pode ser motivo de orgulho ou de dissabores. pela sua vida afora.
Se a pronúncia é incorreta ou difícil, se a grafia estiver errada, a pessoa sofre grandes prejuízos morais, éticos, sociais, financeiros.
Assim como o nome, o sobrenome também pode causar constrangimento, embora esse não tenha amparo legal por se tratar de uma descendência familiar.
O anedotário está cheio de nomes exóticos que são dados aos filhos por ignorância, por combinações dos nomes dos pais, por quererem inovar...
Como imaginar uma pessoa passar toda a sua vida escolar, profissional, sendo chamada por apelidos por conta do nome estranho que lhe deram quando nasceu.
Já aconteceu com você ver o seu nome escrito errado ou pronunciado de forma errada? Já ouviu piadinhas, risos, ao pronunciar o seu nome? Já aconteceu de alguém, principalmente no telefone, ao dizer o seu nome, do outro da linha e ouvir: “Como é mesmo o seu nome”? “Não entendi, pode repetir, por favor,”? Ou então ouvir a pergunta “Fulano de quê”? Ou ainda, “qual o sexo mesmo”?
Dicas para tentar acertar o nome do filho:
• Pense em um nome com boa sonoridade, fácil de pronunciar, de escrever e de lembrar. Tenha em mente o bem-estar da criança e no seu conforto de ter um nome que não lhe deixe marcas negativas pela vida afora.
• É importante pesquisar o significado dos nomes antes de escolher. Pode parecer uma bobagem, mas pode determinar a sorte de quem o receberá.
• Cuidado com o modismo. Principalmente se quer dar um nome em outro idioma. Escreva corretamente o nome. Pense na pronúncia, que nem sempre a escrita confere com a fala.
• Homenagear o pai ou avô pode ser uma boa idéia, mas será que é necessário chamá-lo de Júnior ou Neto? E a identidade da criança, onde fica? Se o nome for feio, pior ainda. poderá ser um grande peso carregar tal nome pela vida afora...
• É cultural usar o diminutivo do nome ou dar apelidos às pessoas. Deve ser considerada a escolha de nomes grandes, complicados e estranhos que dão margem a instituição de um apelido, ás vezes mais esquisitos do que o próprio nome. É bom refletir...
• Se quer ser original, cuidado para não exagerar. Pense na grafia, na pronúncia. O seu filho terá sempre que soletrar o nome para não correr o risco de até ser confundido com um homônimo!
• Cuidado também com a idéia de que os filhos têm que receber nomes parecidos e a imaginação passa dos limites, surgindo cada esquisitice...
• É comum também homenagearem seus políticos, artistas preferidos. Mas é necessário usar o bom senso.
• Escreva e fale o nome junto com o sobrenome do pai e da mãe, para evitar cacófatos, piadas, constrangimentos, etc.
Pois é futuros pais, pensem na responsabilidade. O seu filho ou filha poderá se revoltar contra vocês num futuro não muito distante. Podem apostar!
Hoje o Código Civil Brasileiro permite a troca da identificação do prenome ou antenome das pessoas que passam por constrangimentos ou se expõem ao ridículo. É melhor não precisar usar este recurso, não é mesmo?
Existem várias anedotas sobre essa possível troca de nomes, sendo uma delas contada por um juiz.” Na época do governo de Getúlio Vargas, um cidadão chamado Getúlio Bosta entrou com um processo para mudar de nome. Naquele tempo ainda não havia legislação para tal, mas o próprio Getulio Vargas autorizou que o juiz fizesse a troca. O Juiz chamou o cidadão e perguntou: Como gostaria de se chamar. Ao que ele respondeu: Olhe doutor, pode ser João, Antonio, Manoel Bosta; o que não suporto mais é ser chamado de Getúlio”...
O2/09/2008
GSpínola