Eu cresci

Na lógica reversa da sociedade, as pessoas seguem padrões altamente... ridículos, onde valorizam a voz alheia, tendo em vista a opinião de outros como seus planos.

Até um tempo atrás eu era assim. Não posso me culpar nem culpar ninguém, pois crescemos num mundo ridículo e rígido. Mas continuar sendo ridícula é uma questão de opinião, assim como o impossível.

Eu ouço mal pra caramba nessa encarnação talvez seja por isso: para ouvir menos e fazer mais, ouvir mais a voz interior.

Claro que as pessoas ao meu redor sempre me julgarão por isso, por aquilo, e mesmo sendo detalhista e perfeccionista, coisa ou outra escapa-me os dedos e, na falta de palavra melhor, me ferro.

Minha personalidade não mudou; continuo a mesma sonhadora, aventureira... porém, sonho com os pés no chão, olho as horas somente quando necessário e perdi o medo de correr riscos - as horas passam depressa demais para que você possa "deixar pra depois".

O que posso dizer sobre a mulher - ainda é estranho para mim dizer que não sou uma menina, uma garota, mas que sou uma mulher- é que tenho ciência dos riscos... vícios que equilibro como virtudes... e ouvir as vozes alheias, mas agir com a minha voz, pelas minhas vontades, pelos meus sentimentos.

Acredito que eu seja mais alta do que minhas medidas físicas - eu cresci bastante desde que comecei essa transformação.

Ouvir o meu eu, acima de tudo, é o suficiente para nada mais ser intacto... todos os sonhos são sonhos, mas precisamos acordar e levantar da cama quando queremos realizá-los.

A necessidade que o ser humano tem de ser aprovado numa roda social é ridícula. Não somos ninguém para nos julgarmos. Juízes existem para casos onde a natureza humana é maculada.

Outra coisa interessante dessa transformação que tenho passado é que passei a observar melhor que, quando julgamos alguém pelo que aparenta, algo em nossa vida cai por terra... passei não a julgar menos, mas a parar de julgar. Incrivelmente, vocês podem adivinhar: minha vida melhorou. E o melhor, com isso coisas boas foram chegando e chegando e... veja, não param de chegar.

Não importa quão rígida seja ou tenha sido sua educação; pessoas se tornam preconceituosas em lares sem preconceito também. É tudo questão de querer e agir, não apenas sonhar, querer, e continuar sonhando.

Aparentemente, o egoísmo é uma coisa feia. Aparentemente isso é um julgamento também, pois quando se divide tudo e tudo, você tem tudo e não tem nada, mas quando você é egoísta, não quer dizer que você não divide tudo; você divide o essencial, e segura consigo o que considera sua fonte de energia. Quando digo que sou egoísta, é que aprendi a gostar de mim de uma forma absurda... Posso dizer hoje que sou egoísta por meus defeitos, fria e culpada aos olhos inversos... porque só eu sei que dentro de mim bate um coração cheio de vida; os conflitos que venho enfrentando comigo mesma são o suficiente para me admirar, me amar acima de tudo, e não querer me doar pra mais ninguém. É essa minha força, o que me permite ajudar quem precisa. E não estou me doando nesse momento, como dizem os livros sagrados sei lá do que, mas estou sendo o mais egoísta possível, pegando mais uma coisa pra me orgulhar de mim mesma: estou... interagindo com outras pessoas.

O que eu posso dizer é: quer ser diferente? Seja, não queira ser.